Cientistas lançaram nesta quinta-feira (8) uma missão para investigar o leito marinho do Japão, atingido por um potente terremoto no ano passado, seguido de um tsunami, a fim de realizar a primeira observação apropriada do solo submarino, onde fendas se abriram após o violento sismo.
Cientistas da Alemanha e do Japão enviaram veículos de alta tecnologia para investigar o leito marinho a até 7.000 metros de profundidade, abalado pelo terremoto de magnitude 9, em março do ano passado.
"Queremos deslocar instrumentos para o leito marinho e também mapear a área para ver as grandes mudanças provocadas pelo tremor", explicou Gerold Wefer, que chefia o projeto.
Sua equipe informou que os dados coletados na missão, que durante um mês cobrirá a área atingida pela ruptura, com centenas de quilômetros, os ajudará a entender o mecanismo que fortes terremotos e tsunamis podem produzir.
A missão ocorre em um momento em que o Japão se prepara para relembrar o primeiro aniversário do terremoto catastrófico, que provocou o tsunami em 11 de março de 2011.
Mais de 19 mil pessoas morreram e longos trechos da costa foram varridos por ondas gigantes que atingiram a usina nuclear Fukushima Daiichi, dando origem ao pior acidente atômico desde Chernobyl, em 1986.
Wefer, diretor do Centro Alemão de Mudanças Ambientais Marinhas da Universidade de Bremen, disse a jornalistas que se sentia animado antes do início da missão.
Ele afirmou que os cientistas veriam "grandes fissuras" em rochas ao longo da trincheira de Honshu, principal ilha do arquipélago.
"As rochas se partiram em pedaços" com o tremor, liberando fluidos e gases no oceano, explicou.
A equipe usará um veículo de 5,5 metros, controlado de forma autônoma, que lembra um pequeno submarino, para mapear o leito marinho com um sonar de feixes múltiplos.
A nave-mãe, de onde o veículo será lançado, é equipada com eco-sondas e vai mapear áreas mais extensas, partindo da crosta de Honshu e cruzando a trincheira submarina.
Os novos mapas serão comparados com perfis obtidos anteriormente do Japão para tentar descobrir o que aconteceu no leito marinho quando o terremoto atingiu o arquipélago.
O epicentro do terremoto foi registrado no Pacífico, a 130 km de Honshu, onde a placa oceânica desliza sob o Japão.
Um veículo de 3,5 toneladas, controlado remotamente e equipado com câmeras, sonar e luzes e ligado à nave por cabos, instalará instrumentos em poços previamente escavados para ativar um sistema para medir com precisão futuros terremotos.
A missão também fará a coleta de amostras de sedimentos da área da trincheira, cuja análise os cientistas esperam que os ajude a desenvolver um mecanismo de previsão bastante rudimentar do próximo grande tremor.
"Fazer previsões de terremotos é muito, muito difícil por enquanto, usando a tecnologia e os dados disponíveis hoje", explicou Shuichi Kodaira, do Instituto de Pesquisas sobre Evolução da Terra, Agência Japonesa de Ciência e Tecnologia terrestre e marinha.
"Mas o que provavelmente podemos fazer agora é compreender a recorrência ou o histórico de grandes terremotos na trincheira do Japão, usando dados desta missão e de outras futuras", acrescentou.
Cientistas alertam que o Japão parece ter ingressado em um novo estágio de acúmulo de estresse que poderia antecipar a ocorrência de um novo terremoto devastador.
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