Amostras congeladas de sangue podem ser usadas para a produção de células semelhantes às células-tronco, revelaram pesquisadores nesta quinta-feira, abrindo a perspectiva de que surja uma fonte mais fácil para esse valioso recurso científico.
Os cientistas usaram células sanguíneas para desenvolver as chamadas células-tronco pluripotentes induzidas (ou células iPS, por sua sigla em inglês). São células feitas em laboratório, mas muito parecidas com as células-tronco embrionárias humanas, com a diferença de serem obtidas de tecido comum, e não de embriões.
As células iPS vinham sendo produzidas com pedaços de pele, mas o sangue é muito mais fácil de coletar e armazenar, segundo o artigo publicado na revista Cell Stem Cell.
"O sangue é a fonte mais fácil e mais acessível de células, porque você prefere ter 20 mililitros de sangue recolhido a fazer uma biopsia de perfuração para obter células cutâneas", disse em nota Judith Staerk, do Instituto Whitehead para a Pesquisa Biomédica, em Massachusetts, que participou do estudo.
As células-tronco são uma espécie de "manual de instruções" do organismo, permitindo, por exemplo, que adultos façam a renovação do seu sangue e de tecidos. As células-tronco obtidas de embriões de poucos dias têm a capacidade de dar origem a qualquer tipo de órgão ou tecido, e podem se proliferar durante anos em laboratório.
Cientistas esperam que as células-tronco no futuro permitam a cura de muitas doenças degenerativas, mas críticos apontam problemas éticos no uso de embriões para pesquisas.
As células iPS, que prescindem dos embriões, são feitas pela ativação de três ou quatro genes que distinguem as células-tronco embrionárias.
Rudolf Jaenisch, também do Instituto Whitehead, que chefiou a pesquisa, disse que o uso do sangue abrirá muitas perspectivas para pesquisadores que desejam usar células iPS para estudar o modo como as doenças se desenvolvem.
"Há enormes recursos --bancos de sangue com amostras de pacientes que podem conter as únicas células viáveis de pacientes que podem não estar mais vivos, ou do estágio inicial das suas doenças", explicou ele.
"Usando esse método, podemos agora ressuscitar essas células como células-tronco pluripotentes induzidas. Se o paciente tivesse uma doença neurodegenerativa, pode-se usar as células iPS para estudar essa doença."