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Pouco mais de um ano após o anúncio da descoberta dos ossos do Rei Ricardo III, morto em 1495 no campo de batalha e imortalizado por Shakespeare, em um estacionamento na cidade de Leicester, na Inglaterra, especialistas começaram a apresentar suspeitas de que os restos mortais não pertencem ao personagem histórico, aponta o jornal inglês "Daily Mail".

O cientista Michael Hicks e o arqueólogo Martin Biddle – ambos professores da Universidade de Winchester, na Inglaterra – estão desafiando os resultados dos testes de DNA que já foram realizados e a precisão da datação por análise de radiocarbono. Eles também pedem a criação de uma corte de legistas para rever as evidências.

A Universidade de Leicester anunciou que os restos pertenciam ao rei durante uma conferência de imprensa realizada em fevereiro do ano passado. Os ossos foram achados em setembro de 2012. Os cientistas da universidade alegaram que amostras de DNA pertenciam a uma linha de descendência materna do rei, enquanto a curvatura da coluna vertebral do esqueleto também combinava com características conhecidas do antigo monarca.

A equipe usou análise de radiocarbono para determinar quando o dono do esqueleto morreu e constatou que a data se assemelhava à data do óbito do monarca - que perdeu a vida durante a Batalha de Boswroth, em 1485.

Em entrevista à BBC History Magazine, o professor Hicks argumentou que os restos mortais podem pertencer a uma vítima de qualquer uma das batalhas travadas durante a Guerra das Rosas, que aconteceu naquele período.

"Muitas outras pessoas que sofreram ferimentos semelhantes poderiam ter sido enterradas próximo a uma igreja, como aconteceu com aqueles ossos", explicou ao jornal britânico.

Ele também questionou o uso do projeto de datação por radiocarbono, se referindo à técnica como imprecisa.

"Esse mecanismo oferece uma era, nada mais. Ele cobre um período de até 80 anos", observa.

Hicks minimiza o destaque dado ao teste de DNA. Ele argumenta que os ossos poderiam pertencer a qualquer pessoa que tenha descendido da linha feminina da mãe de Richard, Cecily Neville.

Exames de DNA e mapeamento do genoma

Após a descoberta, análises de radiocarbono, evidências radiológicas, DNA dos ossos e resultados arqueológicos indicaram a identidade do rei que morreu há mais de 500 anos. Segundo os cientistas, o DNA do esqueleto corresponde com o de dois parentes do lado materno de Ricardo III.

Além das fendas no crânio, foram achadas dez feridas no esqueleto. A análise de carbono revelou que ele tinha uma dieta com bastante proteína, incluindo grandes quantidades de frutos do mar, o que aponta para um alto status social da época.

O esqueleto também indicou uma severa escoliose, que se acredita que tenha ocorrido no início da puberdade. Embora tivesse 1,70m de altura, a curvatura na coluna levaria o dono do esqueleto a ficar significativamente menor e com o ombro direito mais alto do que o esquerdo.

No início deste ano, cientistas chegaram a anunciaram que pretendem mapear o genoma dos restos mortais que acreditavam ser do antigo monarca. Os pesquisadores da Universidade de Leicester planejaram montar toda a sequência após moer parte do material ósseo e, em seguida, extrair o DNA.

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