Cientistas disseram nesta quarta-feira (3) que podem estar perto de descobrirem a misteriosa "matéria escura", uma substância que forma mais de um quarto do Universo, mas que nunca foi vista.

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Uma identificação final do que forma o enigmático material abriria áreas totalmente novas de pesquisa, incluindo a possibilidade de múltiplos universos e outras dimensões, disseram físicos.

Uma equipe internacional no centro de pesquisa Cern, de Genebra, disse ter detectado o que poderia ser o primeiro traço físico deixado pela matéria escura enquanto estudava raios cósmicos gravados a bordo da Estação Espacial Internacional nos últimos 18 meses.

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Eles encontraram um aumento de partículas pósitron, que podem ter sido criadas por matéria escura em decomposição, uma substância tão central ao Universo que estabelece a posição de planetas e estrelas.

O chefe do projeto que construiu o detector gigante de partículas AMS do Cern, Samuel Ting, disse em um seminário lotado que mais dados eram necessários para garantir que a matéria escura foi avistada.

"Nos próximos meses, o AMS será capaz de nos dizer de forma conclusiva se esses pósitrons são um sinal da matéria escura, ou se eles têm alguma outra origem", disse.

Ting afirmou que também era possível que os aumentos viessem de pulsares, rotações de estrelas de nêutron que emitem uma radiação pulsante.

Mas a física do Cern Pauline Gagnon disse à Reuters, depois de ouvir Ting, que a precisão do AMS poderia tornar possível "ter um primeiro vislumbre da matéria escura muito em breve".

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"Isso seria incrível, como descobrir um novo continente. Realmente abriria a porta para um mundo totalmente novo", disse Gagnon.

A matéria escura, que cerca galáxias em todo o Universo, é invisível porque não reflete a luz. Sua presença foi estabelecida pela força gravitacional que exerce sobre planetas e estrelas.

Na semana passada, o telescópio Planck, da Agência Espacial Europeia, revelou dados logo depois do Big Bang 13,8 bilhões de anos atrás, mostrando que a misteriosa substância formava 26,8 por cento da densidade do Universo, mais do que se pensava.

Matéria normal, as galáxias e os planetas que podem ser vistos por astrônomos com telescópios cada vez mais poderosos, formam apenas 4,9 por cento. O restante é uma "energia escura" ainda mais enigmática, que se acredita esteja impulsionando a expansão do Universo.

Ting descreveu a matéria escura como "um dos mistérios mais importantes da física hoje". Seus traços são procurados não apenas através do AMS, sigla em inglês para Espectrômetro Magnético Alfa, mas em laboratórios na Terra e abaixo da terra.

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