Diminui o número de contaminados
O México intensificou ontem as medidas de prevenção à gripe, estendendo a restaurantes e comércio as restrições de funcionamento, mas disse já haver indícios de queda nos contágios.
Europeus recomendam adiamento de viagens
Oito países da Europa desaconselharam ontem a realização de viagens ao México, o país com maior número de casos comprovados da chamada gripe suína. A medida dos países tenta impedir o avanço do vírus na Europa dois casos da doença na Espanha e dois no Reino Unido foram registrados.
Londres - Este é com certeza um momento atribulado para os responsáveis pelo monitoramento e controle do surto de febre suína. O vírus está se espalhando rapidamente, mas pouco se sabe sobre a extensão da ameaça que ele representa.
A gripe suína não é novidade. O primeiro vírus foi isolado nos EUA, em 1930, e, desde então, são raros os casos anuais entre americanos. Apenas duas pessoas morreram devido à infecção desde 1976.
A última versão do vírus, entretanto, é muito mais nociva do que as a anteriores, mas as informações param por aí. Representantes da Organização Mundial de Saúde (OMS) e outras autoridades sanitárias ainda estão estudando as taxas de mortalidade causadas pelo vírus e do que exatamente morrem aqueles que sucumbem à doença.
A maioria das vítimas infectadas desenvolveu forte gripe que rapidamente progrediu para uma pneumonia severa e fatal. O vírus emergiu há mais de um mês no México, onde o número de mortes suspeitas já passa de 150, mas apenas uma pequena fração dessas fatalidades chegou a ser confirmada com testes de laboratório. As autoridades sanitárias mexicanas não conseguem mensurar o número exato de pessoas infectadas no país, o que torna praticamente impossível determinar a letalidade do vírus.
Além disso, não existe uma explicação clara do motivo de o vírus ter causado mortes apenas no México. Existe a possibilidade que as fatalidades tenham ocorrido por outras infecções anteriores ou de que as vítimas tenham recebido serviço médico de má qualidade. Também é possível que o vírus tenha tido mais força assim que emergiu, e agora tenha sofrido uma mutação para uma versão mais transmissível, porém menos potente.
Muitas das incertezas só serão esclarecidas quando o vírus se espalhar pelas Américas e outros países. Resta saber quantas pessoas podem ser infectadas por alguém contaminado e como as contaminações se alastram a partir daí.
Hoje, amostras frescas do vírus serão entregues a um laboratório especializado em gripe, que funciona dentro do Instituto Nacional de Pesquisa Médica do Reino Unido, em Londres.
O vírus, que será tratado como um agente patogênico exótico no laboratório de segurança máxima, será injetado em furões (tipo de roedores) para que os cientistas consigam investigar e entender melhor as reações do sistema imunológico nos pacientes.
Até agora, a doença conseguiu se alastrar através das maiores vias de acesso entre o México e EUA. Passageiros mexicanos que viajaram para o Texas e a Califórnia podem ter sido contaminados antes de chegar à fronteira, assim como americanos e turistas de outras nacionalidades que visitaram o México podem ter levado a doença para seus países de origem, via Cidade do México.
A fabricação de lotes da vacina para combater o vírus poderia levar entre quatro e seis meses para ser realizada, tempo suficiente para que o primeiro surto da doença tivesse dizimado várias vidas antes de chegar a uma pausa. Em 1918, quando a gripe espanhola matou dezenas de milhares de pessoas, houve duas ondas subsequentes ao primeiro surto, sendo as últimas extremamente letais.
Tradução: Thiago Ferreira.
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