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| Foto: Juan Mabromata/AFP

Desde a morte de Osama Bin Laden - que completa cinco anos nesta segunda-feira (2), a Al-Qaeda combina ataques espetaculares, como o da revista francesa Charlie Hebdo, com uma estratégia a longo prazo para tentar resistir à ascensão do grupo jihadista Estado Islâmico (EI) e aos bombardeios dos Estados Unidos.

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Os especialistas discordam sobre as capacidades das múltiplas facções da Al-Qaeda. Para uns, a rede se viu superada pelo Estado Islâmico. Para outros, o EI roubou o protagonismo, mas o grupo do final Bin Laden acabará triunfando graças a sua constância e por uma Jihad globalizada a longo prazo, frente a um adversário sob pressão no Iraque e na Síria.

No apogeu de seu poder no Afeganistão, a Al-Qaeda estremeceu o mundo com os atentados do 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, deixando quase 3 mil mortos. Mas o grupo começou a sair dos radares depois que um comando de elite americano eliminou seu líder, Bin Laden, em 2 de maio de 2011 no Paquistão, seguido do surgimento, em 2014, do “califa” do EI, Abu Bakr al Baghdadi.

Ele converteu sua formação na ponta de lança do jihadismo mundial em função das conquistas territoriais no Iraque e na Síria e pela brutalidade de seus métodos. Conseguiu ofuscar, inclusive, o sucessor de Bin Laden, Ayman Zawahiri.

“A propaganda da Al-Qaeda se tornou ilegível nas redes sociais frente à máquina de guerra midiática que o Daesh (EI em árabe) constituiu com êxito”, afirma Jean-Pierre Filiu, especialista em Islã contemporâneo.

“A Al-Qaeda perdeu a força em todas as partes frente ao Daesh, salvo no Sahel. Este retrocesso geral se deve à vontade de Zawahiri de aproveitar a onda revolucionária o mundo árabe, enquanto que o Daesh adotou imediatamente uma atitude violentamente contrarrevolucionária que permitiu aproveitar a colaboração na Síria e no Iêmen de ditadores encarregados na Líbia uma parte das bases de (Muamar) Khadafi”.

William McCants, da Brookings Institution de Washington, também acredita que a Al-Qaeda se viu superada pelo EI, surgido de uma cisão. Mas, sob a bandeira da Frente Al-Nusra, segundo grupo jihadista na Síria, seus combatentes “tomaram o touro pelos chifres depois de ter sofrido graves perdas ante o Dáesh”, como definiu.

No Iêmen, onde a implantação jihadista no tecido tribal vem de longe, a Al-Qaeda na Península Arábica (AQPA) controla muitos territórios no sudeste, apesar de ter perdido terreno nas últimas semanas. “Seus homens são contados aos milhares comparados com as centenas de um EI sem territórios”, afirma McCants.

Segundo ele, a Al-Qaeda segue una estratégia que consiste em combinar conquistas territoriais de guerrilha com ações contra o Ocidente, “seguindo assim as diretrizes de Ayman Zawahiri”.

Em janeiro de 2015, enquanto o EI ganhava a mídia mundial, a Al-Qaeda no Iêmen, considerada por Washington como o grupo mais perigoso da rede, reivindicava o ataque que dizimou a redação do jornal satírico Charlie Hebdo, uma operação que foi interpretada como uma tentativa da Al-Qaida de marcar território frente ao EI.

Objetivos na África

Da mesma forma, desde novembro de 2015, a Al-Qaeda no Magreb Islâmico (AQMI) reivindicou uma série de ações na África (Mali, Burkina Faso, Costa do Marfim) contra hotéis e restaurantes, deixando dezenas de mortos, principalmente estrangeiros.

Na África Ocidental, a Al-Qaeda tenta “mostrar que está unida depois das divisões prejudiciais e encontrou uma zona onde pode reduzir a influência de seus competidores do EI”, afirmou em março o instituto de análises Soufan Group, com sede em Nova York.

Para o International Crisis Group (ICG), “a Al-Qaeda evoluiu e algumas facções continuam potentes, ao participar em insurreições locais, mostrando um grau de pragmatismo, evitando matar muçulmanos e levando em conta as sensibilidades locais”, segundo o instituto baseado em Bruxelas.

Dessa forma, os dirigentes da Al-Qaeda no Iêmen condenaram os ataques violentos do EI contra mesquitas xiitas em 2015.

A AQPA no Iêmen e a Al-Nosra na Síria souberam se aliar a outras forças locais e atuam sutilmente com a ideia de desenvolver uma base social, de acordo com os especialistas.

“A Al-Qaeda aposta num malograr progressivo da situação nos países muçulmanas, que conduzirá a uma tomada de poder por parte dos dirigentes afeitos a suas teses”, explicou Alain Rodier, ex-oficial dos serviços de inteligência franceses, em uma entrevista publicada em abril na revista Atlântico.

“Esta Jihad está prevista para prolongar-se durante dezenas de anos, enquanto que al-Baghdadi se mostra mais apressado”.

No momento, os chefes da Al-Qaeda se mantêm discretos frente aos bombardeios, geralmente realizados por drones dos Estados Unidos. No Iêmen, eliminaram em junho de 2015 o chefe da AQPA Nasser al Wahishi e, em março de 2016, 71 combatentes em um campo de treinamento.

Por outro lado, forças especiais dos Emirados Árabes e da Arábia Saudita ajudaram o exército iemenita a expulsar a Al-Qaeda em 24 de abril da cidade de Mukalla (sudeste).

Na Síria, Washington bombardeou em 3 de abril um acampamento de treinamento da Frente Al Nusra, na província de Idleb (noroeste), abatendo o porta-voz do grupo Abu Firas al Suri e ao menos outros 20 jihadistas.

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