Lesley Sachs (ao centro), diretora da organização Mulheres do Muro, é detida| Foto: Reuters/Baz Ratner

A polícia israelense deteve nesta quinta-feira (11) cinco mulheres no Muro das Lamentações por usar roupas e objetos de oração reservados exclusivamente para os homens pelo judaísmo ortodoxo, informou um porta-voz policial.

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Cerca de 120 judias reformistas e conservadoras da organização Mulheres do Muro participaram da reza com que uma vez ao mês reivindicam que seja permitido orarem ali, tal como podem fazer em suas sinagogas, usando os instrumentos de oração que considerem oportunos.

Também pedem que seja permitido rezarem com os homens e não em um espaço reservado para elas como o que têm atualmente no muro.

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Cinco delas foram detidas por vestir as capas ou colocar-se os filactérios (caixas de couro com escrituras e uma fita que se põe sobre a cabeça e o braço esquerdo), mas as outras, muitas vestidas da mesma forma, terminaram o serviço.

Além das cinco mulheres, um homem foi detido por "queimar um sidur (livro de orações diárias judeu) em protesto contra as rezas das mulheres" disse o porta-voz policial, Miki Rosenfeld. As detidas foram postas à disposição judicial.

"Não cometemos nenhuma agressão contra ninguém por usar a capa ou os filactérios, é ridículo que nos impeçam", disse a rabina conservadora Sandra Kochmann.

No ato de protesto, as mulheres contaram com o apoio de vários homens e da deputada Tamar Zandberg, do partido de esquerda Meretz.

"Vim me solidarizar com as Mulheres do Muro, que há anos rezam aqui pacificamente. Infelizmente, hoje algumas foram detidas pela polícia", explicou a deputada, para quem o governo pretende "manter o conflito em vez de resolvê-lo".

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O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pediu ontem à Agência Judaica que faça propostas para resolver a disputa no lugar mais sagrado dos judeus, entre as que se avalia criar uma zona mista de reza para homens e mulheres que não sigam a ortodoxia judia.

Durante o protesto, os ultraordoxos emitiram cânticos e gritos para tentar evitar que se escutassem os cantos das mulheres, pois a ortodoxia judaica considera pecado que um homem ouça uma mulher cantar.

"Isso é um lugar sagrado e a torá (texto sagrado) proíbe o que estão fazendo", gritava Yafit, judia ortodoxa indignada com os cantos femininos que tratava de obstaculizar.