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| Foto: Sandy Huffaker/AFP

Em mais uma medida polêmica, o presidente americano Donald Trump assinou o decreto em que aprova a construção do muro que dividirá, de uma ponta a outra, a fronteira entre Estados Unidos e México. O projeto, de grande escopo, é uma das principais promessas feitas durante a campanha pelo republicano. Mesmo liberada e com orçamento disponível, a obra do muro encontrará uma série de obstáculos.

Em algumas áreas, o terreno é de difícil construção

Os mais de 3 mil quilômetros de extensão da fronteira contêm uma grande variedade de climas, vegetação e terreno. Boa parte da cerca atual existe à oeste da cidade de El Paso, no Texas, onde a divisa deixa de ser composta de linhas relativamente retas e começa a assumir os contornos do Rio Grande. Na direção do Golfo do México, o rio corta as montanhas do Parque Nacional Big Bend e passa por reservatórios, como a represa de Amistad. Ambos são desafios para os construtores.

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Byron Hedges, um morador que pesca em Amistad Dam, considera a topografia um dificultador para a obra. “Se Donald Trump sobrevoasse a fronteira inteira, nem que fosse apenas no Texas, ele perceberia que não é possível fazer o muro. É uma terra muito difícil”, afirmou.

A maioria das terras do Texas é privada

Uma parcela significativa da fronteira entre o Arizona e o Novo México é controlada pelo governo federal. Boa parte do Texas é composto de propriedades privadas, principalmente por causa dos termos de integração do estado à União americana há 200 anos. Essa diferença levou a processos entre texanos e o governo federal durante a construção da cerca que já existe hoje.

De acordo com um projeto sobre a barreira feito pela Faculdade de Direito da Universidade do Texas, os EUA processaram “centenas de proprietários de terra para obter os títulos necessários para construir os trechos do muro naquelas terras”. Voltar com as obras nas propriedades privadas provavelmente resultaria em mais problemas legais e logísticos.

A maior parte da fronteira é natural, mas não o muro

A divisa sul do Texas é tecnicamente em algum lugar no meio do Rio Grande. O rio já mudou de curso no passado, o que gerou disputas de fronteira entre os EUA e o México. A cerca que existe atualmente no sul do Texas costuma passar longe do rio e de suas planícies inundadas — criando uma larga distância entre a barreira e a fronteira oficial. Alguns americanos vivem no lado mexicano da divisa.

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O resort River Bend, um campo de golfe e uma residência em Brownsville, Texas, estão nesse espaço. Se o muro for completo, baseado nas regulações dos EUA, a propriedade seria dividida, de acordo com o dono Jeremy Barnard. Aproximadamente 200 residentes e 15 dos 18 buracos de golfe ficariam ao sul da fronteira.

“Qual é o plano do governo? Vir e comprar a casa de 200 pessoas?”, diz ele. “É muito mais do que simplesmente dizer ‘vamos construir o muro”.

Barreira sozinha não é a solução

Especialistas em segurança dizem que os muros são meros obstáculos para os imigrantes em potencial, a menos que eles sejam observados. A ex-secretária de Segurança Nacional, Janet Napolitano, uma vez comentou, “me mostre um muro de 15 metros que lhe mostrarei uma escada de 16”.

Cercar a área é apenas uma das medidas tomadas pelo serviço de aduana e proteção às fronteiras dos EUA. O número de patrulheiros dobrou nos últimos anos. Pontos de checagem são distribuídos estrategicamente ao longo da fronteira. Onde não há cercas, câmeras e sensores estão instalados.

Esforços para construir uma “cerca virtual”, que suplementaria a barreira física, se mostrou desafiadores. SBInet, uma iniciativa para fornecer tecnologia de ponta aos guardas da fronteira, não conseguiu cumprir os prazos e encarou repetidos problemas técnicos antes de ser terminada em 2011, de acordo com um relatório do Congresso.

Migrantes são determinados e têm poucas opções

O aumento da violência em países da América Central tem empurrado imigrantes e refugiados para os EUA em grandes números. Apreensões de crianças desacompanhadas de El Salvador, Guatemala e Honduras dobraram nos últimos três anos, de acordo com números da patrulha de fronteira. Ramon Reyes, um guatemalteco migrante em Reynosa, México, contou histórias trágicas sobre guerra, corrupção e assassinatos em sua terra natal. Ele disse que saiu por conta da violência e falta de empregos.

“Olha, minha opinião sobre as cercas, esses obstáculos que estão botando, é não. Não importa quantas barreiras eles subirem, eles não serão capazes de nos parar”, disse.

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