A cineasta brasileira Iara Lee, única brasileira entre os quase 600 ativistas que tentaram furar o bloqueio da Faixa de Gaza na última segunda-feira (31), embarcou nesta sexta-feira (4) em Istambul, na Turquia, a caminho de Nova York.
Iara se disse contente em voltar pra casa, para tocar seus projetos humanitários, e que, de imediato, pretende divulgar as imagens feitas durante a invasão israelense.
Em entrevista à TV Globo na Turquia, ela afirmou que conseguiu imagens exclusivas da ação israelense que deixou nove mortos. "Conseguimos sair com um material de filmagem exclusivo, em definição alta. Nós éramos um dos únicos que tinham câmera profissional. [...] Então temos que voltar para os EUA e mostrar para o mundo inteiro", disse ela.
Lee contou que para furar a inspeção israelense, o cinegrafista costurou os três cartões de memória em sua cueca. A brasileira chegou na noite de quarta a Istambul, após ter ficado presa em Tel Aviv e ter sido deportada.
"Foi realmente surpreendente. Foi um 'Apocalipse Now' o que a gente presenciou e viveu esses últimos dias. Como se tivesse numa guerra declarada. Os israelenses entraram com equipamentos e armas como se fosse a 3º Guerra Mundial", afirmou a brasileira.
O governo de Benjamin Netanyahu decidiu expulsar todos os militantes estrangeiros presos depois do violento ataque contra a frota humanitária internacional que se dirigia para Gaza. Após a pressão internacional, mesmo os que seriam processados foram libertados.
Israel argumentou que seus soldados agiram em legítima defesa, por terem sido agredidos com canos e facas pelos ativistas quando desciam de helicóptero no navio turco Mavi Marmara, na madrugada de segunda-feira.
A frota de ativistas tentava furar o bloqueio que Israel impõe aos 1,5 milhão de habitantes da Faixa de Gaza, uma forma de pressão contra o governo do grupo islâmico Hamas.
Apesar de analistas terem apontado falhas táticas na operação, Barak elogiou a atuação dos soldados sob circunstâncias tão complicadas.
Com aval dos EUA, o Conselho de Segurança da ONU pediu uma investigação imparcial das mortes na frota humanitária, cujas embarcações e ativistas eram majoritariamente turcos.
Especula-se em Israel que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu irá nomear uma comissão judicial para determinar se os militares erraram ao não levarem em conta a resistência que os ativistas ofereceriam no Mavi Marmara.
Outra tentativa de furar o bloqueio israelense vem se aproximando: o navio MV Rachel Corrie (batizado em homenagem a uma ativista norte-americana morta em 2003 na Faixa de Gaza) zarpou na segunda-feira de Malta com direção ao território palestino.
Ele leva 15 ativistas, inclusive a norte-irlandesa Mairead Corrigan, Prêmio Nobel da Paz de 1976. O tripulante Derek Graham disse à emissora pública irlandesa RTE que a embarcação deve chegar entre a noite de sexta-feira (4) e a manhã de sábado (5) ao ponto onde aconteceu o incidente de segunda-feira.
Questionado sobre qual será a reação de Israel, Tzachi Hanegbi, presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa do Parlamento, disse: "Não podemos deixar que eles borrem a linha vermelha que Israel estabeleceu. Deixar que eles entrem para ajudar o Hamas não é uma opção."
Trump, Milei, Bolsonaro e outros líderes da direita se unem, mas têm perfis distintos
Justiça suspende resolução pró-aborto e intima Conanda a prestar informações em 10 dias
Moraes viola a lei ao mandar Daniel Silveira de volta à cadeia, denunciam advogados
Grupos pró-liberdade de expressão se organizam contra onda de censura