Troya, de 25 anos, condenado sem defesa e em julgamento sumário, deixou a prisão na noite deste sábado (24).| Foto: Cedida por Yuri Troya/EFE
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O jovem cineasta cubano Anyelo Troya, que havia sido preso nos protestos de 11 de julho em Havana, Cuba, e condenado a um ano de prisão em um julgamento em massa sem defesa, foi liberado da cadeia e permanece sob prisão domiciliar.

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Troya, de 25 anos, deixou a prisão na noite deste sábado (24) e concedeu entrevista à Agência Efe neste domingo (25) na qual revelou que está obrigado a permanecer em casa com uma condenação por "desordem pública" ainda em vigor.

A prisão do diretor do famoso videoclipe da música "Patria y Vida" - um hino de dissidência dentro e fora de Cuba - gerou uma intensa campanha nas redes sociais para sua liberação, bem como críticas aos julgamentos rápidos com que o sistema de justiça cubano condenou dezenas de jovens. Eles não teriam tido garantias mínimas de um processo justo.

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No julgamento coletivo ao qual o cineasta foi submetido, 11 outros jovens foram condenados a penas de prisão entre dez meses e um ano. Apenas dois deles tinham advogados.

"Dos que estavam comigo, só eu fui liberado graças ao fato de meu caso ter se tornado muito internacional, mas os outros caras ainda estão lá trancados", declarou Troya ao Efe.

"Julgamentos sumários"

Sobre sua prisão, o cineasta garantiu que não estava participando dos protestos, não entoou qualquer cântico, nem mesmo tirou fotos com sua câmera. Ele diz ter visto policiais espancando mulheres e os repreendeu. "Imediatamente, vários oficiais à paisana me agarraram pelo pescoço, me jogaram no chão e me bateram", relatou.

Troya lamentou não ter tido permissão para se comunicar com a família ou ter acesso a um advogado durante o período na cadeia. Ele disse ter sido interrogado repetidas vezes, mas negou maus-tratos físicos ou tortura. "Sinto-me feliz pelas pessoas que me apoiaram, meus amigos, e também um pouco atordoado", descreveu o jovem, cuja família, com a ajuda de um advogado, está trabalhando em um recurso para reverter a sentença.

Organizações e ativistas estimam o número de pessoas detidas desde os protestos de 11 de julho em várias centenas, a maioria das quais permanece atrás das grades - à espera de receberem ou não acusações formais.

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A justiça e as autoridades judiciais cubanas, que não revelaram o número de detentos, negaram que haja julgamentos sumários e se referiram a "procedimentos abreviados para delitos menores", dos quais reconheceram 19 julgamentos envolvendo 59 pessoas.

Entretanto, os especialistas têm denunciado o uso cada vez mais comum de julgamentos sumários para perseguir e prender oponentes políticos do governo. Dois dos intérpretes de "Patria y Vida", Luis Manuel Otero Alcántara e Maykel Osorbo, permanecem na prisão.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]