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Cinturão da Ferrugem (Rust Belt, no original em inglês) é o termo usado para designar, principalmente a partir dos anos 1980, uma região que abrange vários estados no Centro-Oeste e Nordeste dos Estados Unidos.
Antes conhecida pela produção industrial e de carvão, quando era chamada de Cinturão de Aço ou da Fabricação, a região entrou em decadência econômica e social devido à fuga em massa de empresas e empregos da área – daí a “ferrugem”.
Ela é o exemplo clássico da “América esquecida”, ou seja, regiões antes prósperas que hoje estão muito distantes do brilho de outrora.
Entretanto, na atual campanha presidencial dos Estados Unidos, o Cinturão da Ferrugem, ao menos no papel, está no centro das atenções.
O republicano Donald Trump, desde sua primeira corrida eleitoral pela Casa Branca, em 2016, prega a necessidade de trazer de volta indústrias para os Estados Unidos e nas duas primeiras eleições presidenciais que disputou teve como vice Mike Pence, ex-governador da Indiana, um dos estados do Cinturão da Ferrugem.
Este ano, terá outro vice com origens na região: J. D. Vance, de Ohio. Hoje senador por esse estado, Vance havia se tornado famoso nacionalmente com seu livro de memórias, “Hillbilly Elegy” (depois transformado no filme “Era Uma Vez Um Sonho”), no qual descreveu as condições difíceis da sua infância e adolescência numa família marcada pela pobreza e pelo vício – um típico retrato da desesperança em muitas comunidades do Cinturão da Ferrugem.
A forma como os dois grandes partidos americanos pretendem atrair o eleitorado da região fica clara nos locais que escolheram para suas convenções: os republicanos realizaram a sua na semana passada em Wisconsin (na cidade de Milwaukee) e os democratas farão a sua em agosto em Illinois (em Chicago), dois estados do Rust Belt.
Os dois partidos também têm priorizado a realização de comícios e outros eventos de campanha na região.
O interesse tem uma explicação simples: três estados do Cinturão da Ferrugem, Pensilvânia, Wisconsin e Michigan, são importantes swing states (estados-pêndulos), ou seja, aqueles onde se alternam vitórias dos democratas e dos republicanos na eleição presidencial e que são, portanto, decisivos (Ohio, estado de Vance, deixou de ser um swing state, segundo analistas: os republicanos venceram as duas últimas eleições ali).
O atual presidente, Joe Biden, venceu na Pensilvânia, no Wisconsin e em Michigan em 2020, mas as pesquisas mais recentes mostraram Trump à frente nos três estados – o democrata ainda não havia desistido de tentar a reeleição quando esses levantamentos foram feitos.
No seu discurso na Convenção Nacional Republicana, Vance buscou associar Biden à decadência da região.
“Quando eu estava na quarta série, um político de carreira chamado Joe Biden apoiou o Nafta, um mau acordo comercial que mandou embora inúmeros bons empregos para o México”, disse Vance.
“Quando eu estava no segundo ano do ensino médio, o mesmo político de carreira chamado Joe Biden deu à China um acordo comercial generoso que destruiu ainda mais bons empregos industriais da classe média americana”, afirmou o republicano.
Kamala Harris, que deve herdar de Biden o posto de cabeça de chapa democrata, pode copiar Trump e também apostar num vice do Cinturão da Ferrugem para atrair votos da região, projetam analistas.
Entre os nomes cogitados, estão os de Josh Shapiro, governador da Pensilvânia, e Gretchen Whitmer, governadora do Michigan.