Gigantescas colunas de fumaça e cinzas expelidas por um vulcão em erupção na Islândia causaram ontem o fechamento do espaço aéreo de sete países europeus e o cancelamento de milhares de voos em todo o mundo. É a maior interrupção de tráfego aéreo ocorrida desde os atentados terroristas de 11 de Setembro, nos EUA.
Autoridades disseram ser difícil prever quando a situação será normalizada. A organização europeia de segurança aérea alertou que a paralisação pode durar mais dois dias.
O início da erupção a segunda em um mês ocorreu anteontem. O vulcão, localizado abaixo da geleira Eyjafjallajokull, lançou uma nuvem de cinzas de até 11 km na atmosfera que, durante a noite, moveu-se para o oeste, em direção ao continente, e para o sul.
Voos não emergenciais foram cancelados no Reino Unido, e os aviões continuarão em solo até pelo menos o meio-dia (8 h em Brasília) de hoje.
Autoridades da Finlândia, Irlanda, Dinamarca, Noruega, Suécia e Bélgica também fecharam seu espaço aéreo. A França fechou 24 aeroportos, incluindo o Charles de Gaulle, em Paris, e os terminais de Berlim e Hamburgo, na Alemanha, foram fechados. A Holanda cancelou diversos voos. Mais de 5 mil dos cerca de 20 mil voos previstos no continente europeu foram cancelados. Nos Estados Unidos, cerca de 100 aeronaves com destino à Europa não puderam decolar.
Uma porta-voz do Serviço Nacional de Tráfego Aéreo britânico disse que não "há lembrança viva do fechamento do espaço aéreo do país. No 11 de Setembro, houve apenas a ordem para pouso imediato ou permanência em solo.
Os cancelamentos causaram transtornos para a população e para autoridades. Sarah Davis, que iria de Londres para Los Angeles, disse que chegou a embarcar, mas teve de voltar. "O avião fez todo o percurso para decolar. Até passaram o vídeo de segurança, relatou.
Os monarcas da Noruega, que viajariam para o aniversário da rainha Margrethe, da Dinamarca, tiveram os planos cancelados. O premiê russo, Vladimir Putin, foi obrigado a desistir de viajar para a cidade de Murmansk. "A fumaça cobriu toda a região, disse seu porta-voz, Dmitri Peskov.
Perigo
Segundo especialistas, cinzas vulcânicas contêm pequenas partículas de vidro e rocha pulverizada indetectáveis pelos radares que podem danificar os motores das aeronaves.
O Instituto Geológico dos EUA (USGS, em inglês) diz que cerca de cem aeronaves atravessaram nuvens de cinzas vulcânicas entre 1983 e 2000. Houve casos em que os motores perderam força ou desligaram-se momentaneamente, mas não houve acidentes.
Em 1989, um Boeing 747 da holandesa KLM entrou em uma coluna de fumaça do vulcão Redoubt, no Alasca (EUA), e perdeu toda a força, caindo de 7.500 metros para 3.600 antes de a tripulação conseguir religar os motores. A aeronave pousou em segurança.