Buenos Aires - A erupção de um vulcão no sul do Chile, no fim de semana, deixou ilhadas várias cidades do sul da Argentina, como a turística Bariloche, e causou o fechamento de ao menos sete aeroportos na região.
A nuvem de cinzas do complexo vulcânico Puyehue viajou quilômetros, atingindo ontem sete das 23 províncias da Argentina.
A previsão ontem era que as cinzas iriam chegar a Buenos Aires na madrugada desta terça-feira.
As estações de esqui da região de Bariloche ficaram cobertas de cinzas duas semanas antes da abertura da temporada de férias quando começam a maioria dos pacotes turísticos de operadoras brasileiras.
Além do espaço aéreo, as estradas que dão acesso a Bariloche também foram cortadas. Apenas um turista brasileiro está isolado em Bariloche, segundo informações do consulado do Brasil na Argentina.
Chile
Autoridades chilenas decretaram alerta máximo nas cidades próximas ao vulcão, e várias famílias foram retiradas de suas casas porque gases tóxicos e pedras estão sendo lançadas na atmosfera.
Mais de 22 povoados foram esvaziados e mais de 3.500 pessoas estão em albergues ou em casas de familiares ou amigos. Muitas pessoas, porém, não quiseram deixar suas casas, temendo roubos.
Vicente Núñez, diretor do Escritório Nacional de Emergência do Ministério do Interior (Onemi), disse que a prioridade ontem era "um novo chamado à população para que deixe suas casas". O maior perigo é ao norte do vulcão, na zona de Riñinahue, que poderia ser alcançada por avalanches de material vulcânico.
O Cordón Caulle fica mil quilômetros ao sul de Santiago e 4 quilômetros ao norte do vulcão Puyehue, na região de Los Lagos. Sua última grande erupção ocorreu em 1960, pouco após um terremoto de magnitude 9,5, a mais alta registrada na história.
O Chile possui a segunda maior cadeia vulcânica e de maior atividade no mundo, depois da Indonésia. Em 2008, outro vulcão do sul do Chile, o Chaitén, entrou em erupção e desencadeou uma nuvem de cinzas que alcançou a Patagônia argentina.
Brasil
As cinzas podem chegar ao Sul do Brasil nos próximos dias. Segundo o meteorologista Flávio Varone, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet-RS), a chuva que está prevista para amanhã em todo o Rio Grande do Sul pode vir misturada com fuligem. A possibilidade de as cinzas chegarem ao Rio Grande do Sul também é apontada pela MetSul Meteorologia, com sede no estado. O risco, porém, não é imediato, de acordo com análise divulgada pelo instituto. Segundo a MetSul, há precedentes históricos de cinzas de erupções no Chile alcançando o RS.
O professor do departamento de Geologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Roberto Cunha explica que o fenômeno ocorre devido às correntes de vento na atmosfera, que podem trazer as cinzas junto com a umidade. "Mas é difícil prever a intensidade dessa precipitação", afirma.
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