Havana Com o apoio das Forças Armadas e do Partido Comunista Cubano, Raúl Castro, de 75 anos, assumiu ontem o poder em Cuba. Ele substitui de acordo com o discurso oficial, "provisoriamente" o irmão Fidel Alejandro Castro Ruz, que completa 80 anos no dia 13, submetido a uma cirurgia de urgência para o tratamento de uma hemorragia intestinal. Desde o triunfo da Revolução Cubana, há 47 anos, Fidel nunca tinha aberto mão de suas atribuições.
Após um longo período sem nenhuma informação sobre a cirurgia de Fidel, a tevê estatal leu um comunicado assinado pelo próprio líder, no qual ele se dizia "estável" e "com bom ânimo". "Posso dizer que é uma situação estável, mas uma avaliação geral do estado de saúde precisa de mais tempo. O que mais posso dizer é que essa situação permanecerá estável por muitos dias, até que se possa ter um veredicto", dizia o comunicado.
Assim como o real estado de saúde de Fidel, o futuro político de Cuba permanece envolto em mistério.
A Casa Branca deu sinais de não acreditar em alterações significativas no regime cubano sob a batuta de Raúl, ao antecipar que não pretende suavizar o embargo comercial que impõe à ilha. "A imposição de Raúl Castro ao povo cubano significa a contínua negação do direito de seus cidadãos a escolher livremente seus líderes", declarou um porta-voz do Departamento de Estado.
Os sangramentos intestinais que afetaram Fidel podem exigir tratamento para o resto da vida, segundo especialistas. O médico Stephen Hanauer, chefe do Departamento de Gastroenterologia do Hospital da Universidade de Chicago, diz que é difícil avaliar o que causou o sangramento intestinal sem saber que parte do aparelho digestivo foi afetada.
Úlceras podem causar sangramentos no estômago ou intestino delgado, enquanto a diverticulite é causa comum de sangramentos no intestino grosso, especialmente em pessoas acima dos 60 anos, explica o médico.