Merignac Uma equipe médica francesa celebrou ontem o que qualificou como o sucesso da primeira intervenção cirúrgica realizada em gravidade próxima de zero.
A cirurgia foi realizada a bordo de um avião cujo piloto ficou fazendo parábolas no ar em uma tentativa de simular a ausência de gravidade.
O paciente e os cinco médicos responsáveis pela cirurgia aterrissaram em segurança em um aeroporto do sudoeste da França depois de três horas de vôo.
A cirurgia, porém, foi realizada em apenas dez minutos. Os médicos retiraram um cisto do braço do paciente.
Dominique Martin, o cirurgião-chefe, comentou que a cirurgia em gravidade próxima de zero, a primeira realizada em um ser humano não foi tecnicamente difícil, mas serviu para romper uma barreira do conhecimento médico.
O experimento faz parte dos esforços para o desenvolvimento de robôs que, no futuro, poderiam realizar cirurgias à distância, seja no espaço sideral ou na Terra, alegam os médicos.
"A cirurgia transcorreu exatamente conforme os planos", disse Martin a jornalistas nas proximidades do aeroporto de Merignac, nos arredores de Bordeaux.
"As informações que coletamos permitem a nós pensar que operar um ser humano em condições parecidas com as do espaço sideral não resultaria em problemas insuperáveis", prosseguiu.
Os médicos seguraram-se em alças nas laterais do avião, um Airbus 300 Zero-G, enquanto o piloto fez 25 loopings. No mergulho de cada parábola, quando eram criadas as condições de gravidade próxima de zero, os médicos soltavam-se para operar. Cada mergulho tinha duração aproximada de 22 segundos. Os médicos operaram somente nesses intervalos.
A operação, anunciada na semana passada pelo cirurgião Dominique Martin e pelo Centro Nacional de Estudos Espaciais da França, é parte de um projeto da Agência Espacial Européia com o objetivo de desenvolver robôs-cirurgiões que possam ser manobrados a partir da Terra.
O paciente, Philippe Sanchot, foi escolhido por ser um adepto do bungee-jump e estar acostumado com mudanças repentinas de gravidade, afirmou Frederique Albertoni, porta-voz do hospital de Bordeaux, onde Martin trabalha.
Os médicos foram treinados em gravidade zero para poderem conduzir a cirurgia. Albertoni afirmou que a retirada do cisto é uma intervenção relativamente simples e envolve uma anestesia local, por isso foi a escolhida.