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A chave para se trabalhar em um hospital em uma área de desastre, onde o número de feridos que chega é maior do que dos que recebem alta, é evitar o envolvimento emocional, diz o médico Ofer Merin, cirurgião israelense de trauma que trabalha na capital haitiana.

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Merin, que lidera um hospital totalmente equipado do Exército israelense, disse que o trabalho mais difícil é a triagem - decidir quais feridos têm chances maiores de sobreviver com tratamento rápido.

Também é vital não se preocupar com o que irá ocorrer com crianças órfãs com ferimentos nos braços e pernas, mas que tiveram que ser retiradas das camas para dar espaço a outros pacientes, disse Merin.

"Estas são decisões éticas que não estamos acostumados a tomar", disse ele à Reuters.

"Você tenta ter quase nenhuma conexão emocional com os pacientes, o que é tão diferente daquilo que você faz em casa. Você não pode ficar emocionado em um desastre grande como este".

Ele, no entanto, sorri ao contar sobre quatro bebês nascidos no hospital. Um deles é uma pequena menina chamada Sourire (sorriso em francês), cujo nascimento prematuro pode ter sido causado pelo forte terremoto de terça-feira passada.

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Enquanto Merin mostra as instalações, uma menina magra de seis anos chamada Jessica é carregada, coberta de sujeira, poeira e moscas, e é desinfetada da cabeça aos pés.

Seis dias depois do terremoto, ela acabou de ser retirada dos escombros da casa de sua família, que ruiu. Ela está muito fraca para ficar em pé então sua tia, que não para de repetir "Obrigada, Deus", a apoia enquanto um enfermeiro a atende.

"Quando eles a retiraram, não acreditamos que ela pudesse estar viva", disse a tia à Reuters.

"Ela abriu os olhos e disse: 'Meu nome é Jessica Chatain e estou com fome e sede. Ela não chorou mas seus pais choraram um oceano".

O terremoto de magnitude 7 pode ter matado até 200.000 pessoas e deixou outros milhares com ferimentos graves.

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