Forças do governo transitório líbio distribuíram gasolina gratuitamente para ajudar centenas de civis a fugirem de uma cidade no deserto dominada por partidários de Muamar Kadafi, e que está prestes a ser invadida.
Queixando-se de dificuldades e intimidações, moradores de Bani Walid se deslocaram para cidades próximas ou iniciaram o trajeto de 180 quilômetros para o norte até Trípoli, a capital, em carros lotados de crianças e pertences.
As forças do Conselho Nacional de Transição (CNT), que invadiram Trípoli em 23 de agosto, encontraram uma resistência inesperadamente forte durante cinco dias em Bani Walid, cidade que fica em meio a vales e morros pedregosos.
Junto com a litorânea Sirte, terra natal de Kadafi, e com Sabha, nos confins do Saara, Bani Walid é um dos últimos redutos do regime deposto. Sua teimosa resistência complica os esforços dos CNT para normalizar a vida no país, e a ONU já manifestou preocupação com a situação dos civis nas cidades sitiadas, especialmente Sirte.
O paradeiro de Kadafi é desconhecido. O CNT desconfia que ele esteja em algum dos seus últimos bastiões, como Bani Walid, ajudando a comandar a resistência.
Moradores que fugiram de Bani Walid na segunda e terça-feira disseram que há intensos combates nas ruas nos últimos dias. Eles conseguiram deixar a cidade depois que as forças de Kadafi abandonaram alguns postos de controle nos arredores.
Isa Amr, 35 anos, morador de Bani Walid e partidário do CNT, disse que a cidade está ficando sem combustível, alimento ou água, impossibilitando a permanência da sua família.
"Os rebeldes nos deram um pouco de gasolina, o suficiente para dirigir até Trípoli. Os rebeldes estão realmente nos ajudando", disse ele, que levava a mulher e os três filhos pequenos.
Abdulbaset Mohamed Mohamed, 25 anos, que também ia para Trípoli, disse que estava perigoso andar pela cidade. "Milicianos estão escondidos por toda parte, e bandeiras verdes (do regime de Kadafi) estão por todo lado."
Os comandantes de campo do CNT dizem que os moradores de Bani Walid foram informados por rádio que têm dois dias para deixarem a cidade antes de um ataque total. "Acho que só 10 por cento das pessoas são partidárias de Kadafi. São fanáticos. E o resto está esperando para ser libertado. Nós lhes demos mais dois dias para saírem da cidade", disse o combatente do CNT Abumuslim Abdu à Reuters.
O novo governo do país tem hesitado em usar a força bruta para não se indispor com a população civil de Bani Walid, que é o local de origem da tribo Warfalla, a maior da Líbia.
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