Fenômeno afeta economia e saúde
Curitiba Os efeitos do aquecimento global também serão sentidos no Paraná, segundo estudos feitos pelo Departamento de Geografia da Universidade Federal do Paraná. Em uma matéria publicada pela Gazeta do Povo no último dia 21 de janeiro, especialistas apontaram mudanças nos setores de saúde e economia do estado como reflexo da elevação da temperatura na Terra.
Uma das consequências do fenômeno é o aumento no número de casos de dengue em Curitiba. O inverno rigoroso do passado tende a se tornar cada vez mais ameno, favorecendo as condições para a vida do mosquito transmissor da doença, situação improvável até há poucos anos. Em 2002, a capital registrou os primeiros casos de dengue autóctone (ou seja, em que as pessoas contraíram a doença na própria cidade).
No cenário previsto pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças do Clima (IPCC, na sigla em inglês), o cultivo de grãos no interior do estado também sofrerá transformações. Com o aumento de 5,8ºC, por exemplo, a área apta para a plantação de café no Paraná se reduziria a 25,2% da atual.
O processo de desertificação no Noroeste (região de Paranavaí e Cianorte) e o aumento das chuvas no Sudoeste (região de Francisco Beltrão e Laranjeiras do Sul) também fazem parte da lista das possíveis reações do aquecimento no estado.
Clique aqui para ler a matéria completa.
São Paulo A produção agrícola brasileira terá uma queda de 25% caso se concretize a previsão do Painel Intergovernamental sobre a Mudança Climática (IPCC) para o clima mundial. Em relatório divulgado ontem em Paris, o IPCC estima que a temperatura mundial vai aumentar entre 1,8º C e 4º C até o fim do século. Segundo o diretor do Centro de Pesquisas Meteorológicas Aplicadas em Agricultura, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Hilton Pinto, se houver uma elevação de 3ºC na temperatura, haverá uma perda agrícola em torno de 60% na cultura de café e de 39% na de soja (valores calculados levando em consideração a área potencial atual de produção). Ainda no café, o prejuízo está estimado entre R$ 1 bilhão e R$ 2 bilhões por ano, levando em consideração o valor atual de cerca de R$ 280 a saca.
A pecuária também será fortemente prejudicada. Os efeitos do aquecimento global nos animais incluem redução drástica na produção de leite, aumento no número de abortos e, nas aves, a produção de ovos sem casca. Hilton Pinto diz que as mudanças climáticas já ocorridas revelam o futuro da agropecuária brasileira. "Não são provas extremamente científicas, mas mostram o que está acontecendo no Brasil", afirma.
Em estudo ainda não publicado, ele compara as áreas de plantio brasileiras entre a década de 1930 e hoje, período no qual houve um aumento entre 2º C e 3º C das temperaturas mínimas do estado de São Paulo. Enquanto a produção cafeeira migrou do noroeste de São Paulo para regiões mais frias, culturas que suportam bem o calor como a seringueira passaram a se desenvolver com rapidez nas proximidades de Ribeirão Preto.
O aumento ocasional de 4º C da temperatura no estado de São Paulo em setembro de 2004 também indica como poderá se comportar a pecuária. Na época, houve prejuízos de US$ 50 milhões. Com o calor excessivo, a produção de leite chegou a cair pela metade em apenas quatro dias e o número de abortos teve um aumento elevado, principalmente nos suínos cerca de 50%.
O aquecimento global, além de provocar alterações expressivas no clima em longo prazo, como o aumento da temperatura, causa também mudanças imediatas. De acordo com o meteorologista da Somar, Paulo Etchichury, o fenômeno vai intensificar situações climáticas extremas. Períodos de chuvas abundantes, como as que ocorreram no Sudeste entre o final de 2006 e início de 2007, vão se repetir com freqüência.
Hilton Pinto acredita que com uma elevação de 1º C na temperatura, haverá uma elevação entre 5% e 15% na quantidade de chuvas. "Só que não são chuvas agrícolas, são temporais, como os vistos recentemente em Minas Gerais", diz ele. No Sul, a tendência é que aconteçam cada vez mais tornados, como os de Santa Catarina em 2005. Já no Nordeste, a agricultura vai sofrer porque o aumento da evaporação causado pelas temperaturas maiores reduzirá os níveis de água dos lençóis freáticos.
Cerca de 75% das emissões brasileiras de CO2 (cujas concentrações elevadas provocam o aquecimento global) são provenientes das queimadas na Amazônia, realizadas principalmente para expandir a fronteira agrícola para pecuária e soja, principalmente. "Isso coloca o Brasil entre os cinco maiores emissores de gás carbônico do mundo", diz Carlos Nobre, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Outro grande responsável pelas emissões são as liberações de metano que favorecem as elevações de temperatura no processo digestivo do gado. Segundo Nobre, "existem muitas pesquisas para mudar a dieta do gado intensivo, de modo a gerar menos metano". Mas ainda não existem dados conclusivos a esse respeito.
Julgamento do Marco Civil da Internet e PL da IA colocam inovação em tecnologia em risco
Militares acusados de suposto golpe se movem no STF para tentar escapar de Moraes e da PF
Uma inelegibilidade bastante desproporcional
Quando a nostalgia vence a lacração: a volta do “pele-vermelha” à liga do futebol americano