Pyongyang - Em surpreendente viagem à Coreia do Norte, o ex-presidente dos EUA Bill Clinton (1993-2001) obteve de Pyongyang na madrugada de ontem (horário local) "perdão especial às jornalistas americanas condenadas em junho a 12 anos de trabalhos forçados.
Euna Lee, 36 anos, e Laura Ling, 32, foram detidas em março na fronteira com a China e, mais tarde, condenadas por entrar ilegalmente na Coreia do Norte e promover "atos hostis contra o país. Elas trabalhavam na empresa de mídia fundada pelo ex-vice de Clinton, Al Gore.
O gesto de conciliação sucede uma escalada de tensões entre o regime do ditador Kim Jong Il e o Ocidente, provocada pela realização, pela Coreia do Norte, do segundo teste nuclear da sua história no final de maio.
A detonação do artefato, seguida de uma série de manifestações de hostilidade de Pyongyang em relação aos EUA e aliados regionais, sobretudo Coreia do Sul e Japão, motivou a aprovação de nova resolução na ONU endurecendo sanções.
A libertação das jornalistas foi obtida após o que a imprensa oficial norte-coreana descreveu como "exaustivas conversações de Clinton com Kim. O ditador ofereceu ao ex-mandatário norte-americano um jantar ao qual compareceram vários de seus principais auxiliares.
A visita aconteceu apenas semanas após o regime norte-coreano ter chamado a atual secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, de "vulgar e "pouco inteligente. A chanceler do governo Barack Obama havia dito que o país asiático comporta-se como "criança que quer atenção.
O ex-presidente chegou a Pyongyang pela manhã (local) em avião sem identificação e foi recebido por uma delegação oficial que incluía o vice-chanceler e principal negociador nuclear e uma estudante que lhe entregou flores.
A delegação de Clinton deixou o país ontem mesmo, segundo a agência oficial norte-coreana KCNA. A assessoria do ex-presidente disse que as duas jornalistas também deixaram o país e seguiram para os EUA.
O ex-mandatário é a mais proeminente personalidade norte-americana a ir ao país desde a sua própria secretária de Estado, Madeleine Albright, que estivera em Pyongyang em 2000.
As famílias de Ling e Lee divulgaram uma nota manifestando "enorme satisfação pela decisão de Pyongyang de perdoá-las e agradecendo a Clinton e Gore que, segundo especulações, teria pedido ao ex-mandatário para ir ao país.
Mensagem
Durante o dia, a agência oficial divulgou nota afirmando que Clinton havia repassado ao ditador norte-coreano uma mensagem oficial de Obama."Kim Jong Il expressou agradecimento (pela suposta mensagem), disse a KCNA, que afirmou também ter havido "uma ampla discussão sobre assuntos de interesse comum.
A informação foi negada tanto pelo porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, quanto por David Axelrod, um dos principais assessores do presidente norte-americano. Analistas consideram improvável que uma viagem dessa importância tivesse sido realizada sem o envolvimento da Casa Branca.