• Carregando...
Vídeo | Reprodução / Paraná TV
Vídeo| Foto: Reprodução / Paraná TV

Curitiba – Quando o Instituto Roslin anunciou a clonagem da ovelha Dolly, em 1997, o debate provocado pela notícia concentrou-se principalmente numa única pergunta: quando iremos clonar um humano? Dez anos depois, ainda não se tem notícia de um exército armado com clones ou de uma criação de clones em laboratório que sirva para abastecer o mercado negro de transplantes de órgãos, especulações recorrentes na época do nascimento da ovelha.

Dolly morreu em fevereiro de 2003, de uma doença comum entre animais criados em cativeiros. Ela sofria de um tipo de artrite degenerativa e foi abatida. Se seu nascimento ainda não resultou no clone humano, é fato que o primeiro clone de um mamífero abriu enormes possibilidades para a ciência. Até a vida eterna, de repente, começou a parecer menos distante. A partir de Dolly, foi possível observar que uma célula adulta poderia ter seu DNA rejuvenescido e dar origem a um novo animal. "Nós não sabíamos até então que uma célula que já tinha se especializado poderia voltar toda a programação de seu DNA, ficar ‘virgem’ novamente e dar origem a uma nova ovelha", diz Salmo Raskin, médico especialista em genética e presidente da Sociedade Brasileira de Genética Clínica.

Para ele, Dolly abriu espaço principalmente para o desenvolvimento da clonagem terapêutica, ramo que mais deve ter impacto em nossas vidas. "Talvez um dia a gente possa conseguir pegar a célula de uma pessoa, colocar dentro de um ovócito e produzir células do pâncreas dessa pessoa, ou do rim, e formar um novo órgão. Esse é o conceito da medicina regenerativa. Seria possível fazer transplantes sem se preocupar com a questão da incompatibilidade, porque esse órgão teria sido desenvolvido a partir da célula da própria pessoa que receberá o transplante", afirma Raskin, que também é membro do Projeto Genoma Humano.

Desde 1997, mais de cem tipos diferentes de animais já foram clonados, inclusive cavalos, cães e, mais recentemente, um lobo. Para o professor titular de genética clínica da Unicamp, Walter Pinto Júnior, "o clone no mundo animal veio para ficar". Para ele, a clonagem humana será uma realidade.

"Ainda temos que avançar tecnicamente, mas é claro que a clonagem humana será possível. Em casos especiais, por exemplo, quando inverte-se a faixa etária da morte, e uma criança morre antes que seus pais, a clonagem poderá ser usada. Pergunte a qualquer pai que perdeu um filho se ele não gostaria de ter a criança de volta. Quer dizer, com uma célula é possível ter uma nova vida, geneticamente igual. Claro, esse é um problema para se pensar, mas acho que muita gente poderia sair beneficiado, sem prejudicar nenhum terceiro", afirma Pinto Júnior.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]