Os famosos coalas, espécie ameaçada no leste da Austrália, começaram a se mudar para outras árvores diferentes dos eucaliptos, seu habitat natural, devido às ondas de calor e às secas cada vez mais frequentes.
"Nossa pesquisa confirmou que os coalas se abrigam durante o dia em árvores diferentes do eucalipto, o qual eles procuram à noite", explicou Matthew Crowther, biólogo de Universidade de Sydney e responsável pelo estudo.
À medida que a temperatura aumenta durante o dia, estes conhecidos animais da Austrália tendem a buscar árvores maiores e com uma folhagem mais densa, de acordo com a pesquisa de três anos sobre o comportamento de 40 coalas que habitam uma zona rural do estado australiano de Nova Gales do Sul.
"Os coalas estudados também mostraram uma preferência por árvores em áreas mais baixas como em barrancos, que são geralmente mais frescos que as árvores dos vales abertos ou em cumes", informou Crowther em comunicado.
Os animais transformam em seus lares uma série de árvores que visitam regularmente e cujo tamanho depende da qualidade do habitat, do sexo, da idade e da hierarquia ocupada entre seus congêneres.
Mas é pouco frequente que estes marsupiais procurem os espaços de seus companheiros a não ser para o acasalamento, segundo a Fundação Austrália para os Coalas (AKF, na sigla em inglês).
Além disso, o coala, que é um animal muito delicado e especialmente sensível a qualquer mudança no meio ambiente, fica cerca de 20 horas do dia dormindo para conservar energia, enquanto as restantes são usadas para ingerir até um quilo de folhas por noite.
Embora existam 600 variedades de eucalipto, o coala só se alimenta de algumas delas e para se abrigar do calor durante o dia, não é tão seletivo como em sua nutrição e prefere espécies nativas como as casuarinas e os braquiquitos.
O coala (Phascolarctos cinereus), que na língua aborígine significa "sem beber" em alusão aos 90% de sua hidratação que provêm das folhas de eucalipto ingeridas, é considerado uma espécie ameaçada ou vulnerável na costa leste da Austrália.
Suas principais ameaças são a mudança climática, a perda de seu habitat pela expansão urbana e a doença da clamídia, uma bactéria que produz lesões nos orgãos genitais e nos olhos dos coalas causando-lhes infertilidade, cegueira e até a morte.
A população de coalas no estado de Queensland diminuiu em 40%, enquanto em Nova Gales do Sul se reduziu em um terço nos últimos 20 anos, embora no sul do país oceânico estes animais sejam abundantes, segundo dados oficiais.
A Austrália, que tem uma das maiores taxas de desmatamento em nível mundial, acabou com 80% do habitat dos coalas, fato que os tornou mais vulneráveis aos efeitos do calor, que aumenta cada vez mais no país.
No começo do ano, a Comissão de Mudança Climática da Austrália advertiu que a medição máxima histórica de calor duplicou desde a década de 60, por isso é previsto um aumento dos incêndios nos próximos anos.
A consequência destas mudanças podem ser vistas também nos coalas que sofrem de ansiedade, desidratação por causa das longas exposições a temperaturas altas, e que inclusive podem lhes causar a morte.
Segundo a pesquisa da Universidade de Sydney, foi observado que 25% destes marsupiais estudados morreram durante a onda de calor registrada em 2009.
Para piorar, atualmente a "Austrália está vivenciando o ano mais quente desde que as temperaturas no país começaram a ser registradas", alertou Crowther.
Por isso, ele defendeu o cultivo e a conservação das árvores que os coalas precisam para se abrigarem durante o dia, assim como a preservação de seus habitats para diminuir os efeitos da mudança climática na Austrália.
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