Londres - A coalizão aliada que promove as operações militares na Líbia admitiu ontem estudar meios de prestar auxílio financeiro a rebeldes contra o ditador Muamar Kadafi e não descartou fornecer armas aos insurgentes líbios.
A decisão é nova evidência do alinhamento a opositores líbios, ultrapassando os termos da resolução da ONU.
Reunidos em Londres para debater o futuro da intervenção militar no país, representantes dos países envolvidos defenderam a ideia de que o mandato da ONU permite a revisão do embargo à Líbia.
"A nossa interpretação é de que a resolução [da ONU] alterou a proibição de fornecimento de armas a qualquer destinatário na Líbia, de modo que poderia haver a transferência legítima de armas", afirmou a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton.
Em entrevistas a emissoras americanas, o presidente Barack Obama prometeu pressionar Kadafi até a sua renúncia e também não descartou enviar armas a rebeldes.
A chanceler americana negou, no entanto, que uma decisão nesse sentido já tenha sido tomada, admitindo apenas que "meios não letais" de auxílio às forças rebeldes foram discutidos no encontro.
"Discutimos formas de habilitar o Conselho Nacional de Transição [governo paralelo rebelde] a ter suas necessidades financeiras", disse.
Recursos
Uma possibilidade é que os países aliados utilizem os cerca de US$ 33 bilhões ligados a Kadafi congelados e fornecer auxílio à oposição.
O representante do conselho rebelde no encontro de Londres, por sua vez, defendeu abertamente o fornecimento de armas à oposição.
"Não temos armas. Queremos apoio político mais que armas. Mas se tivéssemos os dois seria ótimo", afirmou o chefe de imprensa do conselho, Mahmoud Shammam.
A coalizão liderada por Estados Unidos, França e Reino Unido defendeu a continuidade dos ataques até que o ditador Muamar Kadafi aceite promover cessar-fogo.
Hoje, o comando militar das operações deve ser transferido à Otan (aliança militar ocidental), atendendo ao desejo dos EUA de limitar o envolvimento em novo conflito.
Os países aliados acertaram a formação de um conselho de acompanhamento das operações formado por ONU, União Europeia, Liga Árabe, União Africana e a Conferência Islâmica. A primeira reunião do grupo será no Qatar.