A coalizão governista do Japão, formada pelo conservador Partido Liberal Democrático (PLD), do primeiro-ministro Shigeru Ishiba, e pelo partido budista de centro-direita Komeito, perdeu a maioria na câmara baixa do Parlamento nas eleições gerais deste domingo (27).
Juntas, as duas legendas conseguiram 215 assentos, ficando aquém dos 233 que representam a maioria na câmara.
O PLD conquistou 191 assentos, muito abaixo dos 256 que obteve na eleição anterior, em 2021, enquanto o Komeito conquistou 24, uma queda de oito, de acordo com uma contagem divulgada nesta segunda-feira (28) pela emissora estatal de televisão NHK antes do anúncio dos números oficiais.
O grande vencedor das eleições foi o Partido Democrático Constitucional (PDC), de esquerda, liderado por Yoshihiko Noda, a principal força de oposição, que aumentou sua representação parlamentar de 98 para 148 assentos.
O líder do PDC disse em uma entrevista coletiva após as projeções indicarem vitória da legenda que seu objetivo era "quebrar a maioria do partido no poder, e nós o alcançamos, o que é uma grande conquista”.
Essa é a primeira vez desde 2009 que o PLD perdeu a maioria para governar, seja sozinho ou com seu tradicional parceiro de coalizão.
Esses resultados abrem um período de grande incerteza política para o Japão. Tanto o PLD quanto o PDC expressaram disposição de buscar possíveis alianças que lhes permitiriam governar, embora, por enquanto, tenham descartado qualquer opção de fazê-lo juntos.
O resultado negativo do LDP é atribuído, principalmente, à sucessão de escândalos em que se envolveu nos últimos anos, sendo o mais recente uma série de casos de financiamento irregular de seus parlamentares que levaram à renúncia, no mês passado, do ex-primeiro-ministro Fumio Kishida.
Ishiba venceu as primárias do partido e fez campanha para as eleições gerais com o tema “respeitar as regras” e promover os princípios de honestidade e transparência, mas essa mensagem parece não ter convencido os eleitores.