Chanceleres de mais de 40 países, reunidos ontem, em Londres, discutiram formas de armar os rebeldes líbios para que eles possam derrubar o regime de Muamar Kadafi - agora, um dos objetivos declarados da coalizão. A discussão, que ainda está sendo travada nos bastidores, foi admitida por representantes dos Estados Unidos e da França, dois países líderes da operação militar iniciada no dia 19.
Segundo americanos e franceses, os insurgentes provavelmente não conseguirão derrubar o ditador líbio por conta própria.
As discussões sobre o envio de armas aos rebeldes não constaram do comunicado final da reunião de chanceleres, mas foram a iniciativa mais importante do dia em Londres. A possibilidade foi levantada pela primeira vez pela embaixadora americana nas Nações Unidas, Susan Rice, que afirmou em entrevista à rede de TV ABC que os objetivos dos EUA são "comprimir os recursos de Kadafi cortando seu dinheiro, seus mercenários e suas armas, e fornecer assistência aos rebeldes e à oposição".
A revelação repercutiu à tarde em Londres. À imprensa, o chanceler britânico, William Hague, desconversou, afirmando que o fornecimento de armas aos rebeldes não esteve na pauta do evento "e não é parte de nenhum acordo hoje". Mas o chanceler francês, Alain Juppé, não fugiu da polêmica. Segundo ele, a coalizão, por enquanto, se atém à aplicação da Resolução 1.973 da ONU, mas está aberta à questão. "Estamos prontos para discutir isso com nossos parceiros", disse, justificando a iniciativa com uma sentença: "Kadafi não tem futuro na Líbia".
No início da noite, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, confirmou que o debate está em curso, reiterando que o eventual fornecimento de armas seria legal. A resolução que permitiu a intervenção na Líbia autoriza o uso de "todos os meios necessários" para evitar que Kadafi massacre a população civil. A interpretação dos membros da coalizão é a de que os civis não estarão seguros enquanto o ditador permanecer no poder.