A multinacional Coca-Cola anunciou na noite de segunda-feira (23) que está suspendendo a produção venezuelana de sua bebida mais conhecida devido à escassez de açúcar refinado.
Na última sexta-feira (20), a empresa havia indicado que estava usando seus últimos estoques de açúcar, item cada vez mais raro numa Venezuela assolada pelo desabastecimento.
Kerry Tressler, porta-voz da empresa, disse que os estoques chegaram ao fim. “Nossos fornecedores de açúcar na Venezuela nos informaram que estavam detendo temporariamente as operações devido à falta de matérias primas”, disse Tressler.
A porta-voz afirmou que a medida afeta a produção de Coca-Cola normal e outras bebidas doces. Produtos que não precisam de açúcar refinado, como Coca-Cola Light, Coca-Cola Zero e águas, continuarão saindo das fábricas venezuelanas.
O caso expõe as distorções da economia na Venezuela, um país petroleiro que importa a maior parte do que consome e cujo aparato industrial, historicamente modesto, foi devastado pelas políticas do atual governo chavista.
O sistema político em vigor no país prejudicou boa parte do setor produtivo ao impor controles de preço e de câmbio e ao expropriar empresas.
O açúcar é um dos setores que mais sofreram intervenções do Estado. No início de 2016, fabricantes já alertavam que a produção conseguia atender apenas 30% da demanda nacional.
As dificuldades incluem uma regulação de preços que desestimula a produção, violência criminal nas áreas de plantio de cana e acesso escasso aos dólares a taxa preferencial necessários para importar insumos.
Problemas semelhantes já haviam levado outras empresas a enfrentar graves problemas de produção, como a Heinz.
Em abril, a Polar, maior produtora de alimentos e bebidas da Venezuela, anunciou suspensão das operações de suas quatro fábricas de cerveja no país.
Segundo a Polar, que produz cerca de 80% da cerveja consumida no país, a decisão foi tomada após o governo impedir o acesso da Polar a dólares preferenciais para importar malte de cevada.
Em resposta, Maduro ameaçou ocupar fábricas paralisadas e prender os donos. O presidente acusa os empresários do setor de alimentos e bebidas de orquestrar o desabastecimento no país para jogar a população contra o governo e favorecer o surgimento de um novo governo capitalista.
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