Porto Príncipe - Pelo menos três países, República Dominicana, Venezuela e Equador, já adotaram medidas para restringir a entrada de viajantes do Haiti por causa da epidemia de cólera que já matou 259 pessoas e contaminou 3.342 no país.
Na fronteira terrestre entre o Haiti e a República Dominicana, tropas da ONU usaram bombas de gás lacrimogêneo para controlar uma multidão na manhã de ontem.
"Os manifestantes eram mototaxistas e comerciantes haitianos que costumavam cruzar a fronteira sem passaporte para participar do mercado em Djabon, às segundas e sextas, disse o brasileiro Luiz Paul Cruz, comandante geral da ONU no Haiti.
Segundo ele, sem aviso, as autoridades dominicanas intensificaram a fiscalização na fronteira, permitindo só a passagem de haitianos com passaporte e visto.
Os viajantes eram submetidos ainda a um processo de higienização para entrar no país. A importação de alimentos do Haiti também foi proibida pelos dominicanos. Há o temor de que milhares de pessoas deixem o território haitiano para fugir da epidemia.
Já o governo da Venezuela anunciou ontem que "ativou medidas de vigilância epidemiológica para evitar a cólera. Entre elas está o monitoramento de viajantes vindos do Haiti, que podem até ser submetidos a exames. O Equador emitiu um alerta epidemiológico para portos e aeroportos.
Epidemia nacional
Apesar da desaceleração do numero de mortes entre ontem e domingo seis pessoas morreram , a ONU e o governo haitiano divulgaram um comunicado afirmando que "uma epidemia nacional com dezenas de milhares de casos é uma possibilidade real.
"Estamos nos preparando para o pior dos cenários: que a doença se alastre em Porto Príncipe, onde estão os acampamentos de desabrigados pelo terremoto, disse a porta-voz da ONU para assuntos humanitários, Imogen Wall.
As autoridades de saúde disseram que cinco casos da doença registrados na capital foram "importados", envolvendo pacientes que estavam na região central, onde começou a epidemia, e viajaram até a capital.
O governo brasileiro anunciou ontem a doação de R$ 3,4 milhões para a compra de remédios e equipamentos hospitalares, além do envio de epidemiologistas ao Haiti.