Militares colombianos após o ataque das Farc| Foto: Christian Escobar Mora/EFE

O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, retirou nesta quarta-feira (15) a ordem de suspensão dos bombardeios contra os acampamentos das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), em resposta ao ataque deste grupo armado que deixou 11 militares mortos no sudoeste do país.

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Em um discurso na cidade de Cali, onde liderou um conselho de segurança, Santos afirmou que o incidente é produto de “um ataque deliberado, não fortuito das Farc, e isso implica em um claro rompimento da promessa de um cessar-fogo unilateral” que essa guerrilha iniciou no último dia 20 de dezembro.

Na madrugada desta quarta-feira, dez soldados e um suboficial morreram em um ataque realizado pelas Farc contra um pelotão do exército que estava descansando em um ginásio esportivo no corregimento de Timba, pertencente ao município de Buenos Aires, no departamento de Cauca.

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Este grupo insurgente tinha iniciado um cessar-fogo unilateral e indefinido em 20 de dezembro após mais de dois anos de negociações de paz com o governo colombiano.

Em Havana, o comandante das Farc, Pastor Alape, atribuiu a morte dos militares à “incoerência” do governo colombiano 

Em resposta a esse cessar-fogo, Santos ordenou em 10 de março a suspensão dos bombardeios contra os acampamentos das Farc durante um mês, e na quinta-feira passada havia renovado esse mandato como um passo para reduzir a intensidade do conflito armado que castiga o país há mais de meio século.

Em sua declaração, Santos assinalou que o ataque é “um fato condenável que não ficará impune, exige mediadas contundentes e terá consequências”.

Neste sentido, salientou que as forças armadas “não suspenderam nem suspenderão suas ações de proteção à sociedade nem suas ações de controle militar” e enviou uma mensagem às Farc, na qual deixou claro que não vai se deixar pressionar para que o governo declare um cessar-fogo bilateral.

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“A decisão sobre o cessar-fogo bilateral não pode se dar nem se dará de outra forma que não como consequência de um acordo prévio, definitivo e verificável de terminação do conflito”, explicou.

Após o ataque desta manhã, os negociadores das Farc em Havana consideraram que este ataque se deve à “incoerência” do governo, que “está ordenando operações militares contra uma guerrilha em trégua”.

O líder guerrilheiro Félix Antonio Muñoz Lascarro, conhecido como “Pastor Alape”, pediu a Santos que inicie um “cessar-fogo bilateral” que, em sua opinião, “é urgente para a nação”.

Apesar da decisão de responder ao ataque de hoje, Santos insistiu em seu propósito de acelerar as negociações com as Farc em Havana.

“Fatos desta natureza e desta gravidade demonstram mais uma vez a necessidade de acelerar a negociações. Esta é precisamente a guerra que queremos e que temos que terminar”, concluiu.

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Em Havana, onde continuam as negociações entre representantes do governo e das Farc, o comandante do grupo guerrilheiro, Pastor Alape, atribuiu a morte dos militares à “incoerência” do governo.

Ataque

O confronto entre guerrilheiros das Farc e soldados no Sul da Colômbia ocorreu quando o maior grupo armado do país havia decretado uma trégua, enquanto um processo de paz é negociado com o governo em Cuba.

Os soldados realizavam operações no município de Buenos Aires, no departamento de Cauca, quando foram atacados nas primeiras horas desta quarta-feira “com artefatos explosivos, granadas e armas de fogo”, informa o comunicado do Exército. Um suboficial e nove soldados morreram, assim como um guerrilheiro.

O ataque foi confirmado no Twitter pelo presidente Juan Manuel Santos, que lamentou a morte dos militares e afirmou que é justamente esta guerra que seu governo deseja terminar.

O caso ocorreu numa área de forte presença da guerrilha. No dia 20 de março, um militar morreu e três ficaram feridos em um capo minado na mesma região.

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