A Colômbia autorizou, pela primeira vez na história do país, a eutanásia de uma paciente com diagnóstico de uma doença sem quadro terminal. Martha Sepúlveda, 51 anos, sofre de esclerose lateral amiotrófica há três anos e sente dores intensas e dificuldade de caminhar.
Ela passará pelo procedimento que encerrará a sua vida no próximo domingo, 10 de outubro, às 7 da manhã.
"Estou mais tranquila desde que me autorizaram o procedimento. Sorrio mais e durmo mais tranquila", afirmou Martha em entrevista à emissora colombiana Caracol.
Martha disse que, embora seja católica, está tranquila e não se arrepende de ter tomado essa decisão, e que não vê como pecado ter optado pela morte. "Eu me considero muito crente em Deus. Mas Deus não quer me ver sofrendo, e acredito que a ninguém. Que pai quer ver os seus filhos sofrendo?", disse na entrevista.
A eutanásia é legal na Colômbia desde 1997, mas o procedimento foi regulamentado em 2015, quando hospitais começaram a realizar o suicídio assistido no país. Desde então, 157 pessoas passaram pelo procedimento, que é feito com uma injeção letal, 26 delas no ano de 2021, segundo o El Comercio.
Mas todas elas era pacientes com doenças em estado terminal. Martha Sepúlveda, que vive em Medellín, será a primeira pessoa colombiana a passar pela eutanásia sem esse quadro.
A Corte Constitucional da Colômbia (equivalente ao Supremo Tribunal Federal), em 23 de julho, ampliou o direito para os pacientes que sofram de doença que cause intenso sofrimento por lesão corporal ou enfermidade grave incurável, e que possam oferecer seu consentimento livre e informado. Com essa decisão, a Corte modificou um artigo do código penal que tratava o homicídio por piedade ou a eutanásia como um delito.
Quatro dias depois, Martha pediu autorização para o procedimento, e teve o pedido aprovado.
O filho e os 11 irmãos de Martha inicialmente não concordaram como plano, mas também não querem vê-la sofrendo. "A priori eu preciso de minha mãe, a quero comigo, quase que em qualquer condição, mas sei que em suas palavras já não vive mais, apenas sobrevive", disse o seu filho, Federico Redondo, ao Caracol. "Estou focado basicamente em fazê-la rir e que sua estada na Terra seja um pouco mais amena".