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O Ministério das Relações Exteriores da Colômbia convocou para consulta nesta semana o embaixador do país na Nicarágua, León Fredy Muñoz, depois deste ter participado de uma passeata de apoio à ditadura de Daniel Ortega.
Segundo informações do jornal El Colombiano, Muñoz, trajando boné e distintivo da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), partido de Ortega, fez declarações que desagradaram o presidente Gustavo Petro durante um ato na semana passada.
“O que sinto desde que cheguei aqui à Nicarágua em 30 de setembro (...) é que é um povo feliz, um povo bonito, um povo amigo e, acima de tudo, um povo convicto da sua revolução. Sinceramente, estou agradavelmente surpreso e hoje ratifico, esta comemoração do 7 de julho é uma coisa maravilhosa”, disse, numa referência à celebração do movimento sandinista que depôs o ditador Anastasio Somoza em 1979.
Não é a primeira vez que Muñoz está envolvido em um escândalo: em junho de 2018, quando era deputado, autoridades colombianas encontraram 160 gramas de cocaína numa mala dele.
Em nota, o embaixador disse que participou do ato como representante do Estado colombiano.
“Diante das funções da embaixada e das relações protocolares entre os governos, é minha obrigação como embaixador participar de reuniões e/ou atividades importantes para o governo sandinista, pois devo fazer uma presença estratégica para cuidar dos interesses nacionais da Colômbia na Nicarágua”, justificou.
A decisão do governo colombiano de convocar o embaixador foi elogiada pelo presidente da Fundação para a Liberdade da Nicarágua e ex-candidato à presidência Félix Maradiaga.
“O fato de o embaixador Fredy Muñoz ter sido convocado a Bogotá por seus superiores no Ministério das Relações Exteriores da Colômbia é uma decisão acertada de Gustavo Petro. Sem dúvida, sua aparição em um ato partidário da FSLN é um ato contrário à diplomacia e também contraria o próprio comunicado do seu governo, em fevereiro deste ano”, escreveu Maradiaga no Twitter, em referência a uma nota do governo colombiano que criticou “procedimentos ditatoriais” de Ortega há cinco meses.
A oposição a Petro pede a saída de Muñoz. “O embaixador León Fredy Muñoz deveria renunciar, deveria pedir a nacionalidade nicaraguense e que esse país o nomeasse como embaixador aqui na Colômbia, essa nacionalidade ficaria melhor para ele”, disse o senador Juan Diego Gómez, em entrevista à revista Semana.
Para completar o constrangimento, nesta quinta-feira (13), a Corte Internacional de Justiça (CIJ) de Haia anunciará a decisão de uma ação movida pela Nicarágua contra a Colômbia em 2013, na qual Manágua alega possuir uma plataforma continental estendida que ultrapassa as 200 milhas náuticas a partir da sua costa e pede uma delimitação dela com a plataforma continental colombiana.