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O governo da Colômbia e o Estado-Maior Central (EMC), a principal dissidência das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), agora desarticulada, estabelecerão uma mesa de diálogo no próximo dia 8 de outubro na cidade de Tibu, na região de Catatumbo, quando também terá início um cessar-fogo bilateral que durará dez meses.
A informação foi confirmada pelas delegações de ambos os lados nesta terça-feira (19) em entrevista coletiva na cidade de Suarez, no departamento de Cauca, onde as partes se estavam se reunindo desde domingo (17) para avançar na agenda de diálogo e estabelecer novos acordos como o de cessar-fogo, que durará "dez meses", confirmou Camilo Gonzalez, chefe da delegação de paz do governo colombiano com o EMC.
“Esse cessar-fogo tem um caráter transcendental, é um salto histórico porque nunca houve um com essas características e duração na história dos diálogos de paz na Colômbia", acrescentou González.
"A paz não é apenas assinar um documento, não é apenas chegar a uma declaração política ou pública, a paz é poder viver pacificamente nos territórios onde os efeitos da guerra são mais significativos", acrescentou o chefe da delegação do EMC, Andrey Avendaño.
Tibú, localizada no departamento do norte de Santander, é uma das áreas mais afetadas pelo conflito, com a presença não apenas de dissidentes das Farc, mas também do Exército de Libertação Nacional (ELN) e outros grupos armados e criminosos.
“Será um cessar-fogo bilateral, temporário e territorial, e será baseado na aplicação de protocolos de proteção", especificou González.
No início do ano, o governo e o EMC acertaram um cessar-fogo bilateral que duraria até junho, mas que não foi isento de problemas. Na verdade, ele foi parcialmente rompido em maio - antes que o período de seis meses tivesse expirado - em quatro departamentos, que são estados colombianos, depois que dissidentes mataram quatro menores indígenas que haviam recrutado anteriormente.
Esse não foi o único confronto entre os dois lados. A instalação da mesa de diálogo estava programada para maio, conforme anunciou o grupo guerrilheiro em um macroevento no qual exibiu sua força, mas ela acabou sendo adiada.
Esses dois anúncios foram feitos depois de meses de expectativa em que ambas as delegações insistiram em um bom relacionamento e em um desejo de paz que nem sempre coincidia com as ações, especialmente da guerrilha.
Nas últimas semanas, o EMC, comandado por "Iván Mordisco" e que tem cerca de 3 mil membros, foi duramente criticado pelo aumento das ações ofensivas em departamentos como Cauca, onde aterrorizou comunidades inteiras ou atacou delegacias de polícia.