Milhares de manifestantes foram às ruas das principais cidades da Colômbia nesta quarta-feira (28) durante uma greve nacional em protesto à proposta de reformas tributárias do governo do presidente Iván Duque. Na capital Bogotá, houve choques entre a polícia e manifestantes.
Os protestos foram realizados apesar do apelo das autoridades e da ordem de um tribunal para que eles fossem adiados, por preocupação com uma nova onda de contágios de Covid-19 que tem sobrecarregado os hospitais do país sul-americano. A Colômbia registrou 490 mortes pela doença nas últimas 24 horas, o número mais alto número de desde o início da pandemia.
O governo colombiano propõe o aumento e a criação de novos impostos, para indivíduos e empresas, e também a redução ou eliminação da isenção de alguns impostos, incluindo sobre venda de produtos.
A proposta foi apresentada aos parlamentares na semana passada e precisará do aval do congresso. O plano original pretendia levantar o equivalente a US$ 6 bilhões, ou 2% do PIB da Colômbia. Mas, nesta quarta-feira, o Ministério das Finanças anunciou que o governo reduziu a meta que pretende alcançar com as reformas para entre US$ 4,8 bilhões e US$ 5,4 bilhões, com a intenção de facilitar o consenso entre os parlamentares.
Sindicatos de trabalhadores, professores, organizações civis, representantes de povos indígenas e outros setores rejeitam a proposta, dizendo que as reformas propostas prejudicam a classe média e não são adequadas em meio à crise provocada pela pandemia de coronavírus.
O presidente Iván Duque rechaçou os atos de violência ocorridos no dia de hoje. Ele disse que o governo nacional compreende o direito da população de protestar, mas ressaltou que "também o que vimos hoje em muitos lugares é vandalismo criminal, é atentar contra a infraestrutura, contra os negócios e outras pessoas, contra os meios de comunicação".
Bogotá, o epicentro dos protestos desta quarta-feira, registrou tumultos e confrontos. A polícia de choque precisou intervir para impedir a tentativa de um grupo de encapuzados de invadir a sede de um canal de televisão, segundo a Secretaria de Governo. As manifestações e alguns enfrentamentos continuavam por volta das 18 horas, poucas horas antes do toque de recolher, segundo a imprensa local.
Em Cali, cidade a sudoeste de Bogotá, houve tumultos e ônibus queimados. O ministro da Defesa, Diego Molano Aponte, ordenou nesta tarde que o exército desse apoio à polícia para conter os "atos de violência". Foram enviados para a cidade 554 agentes adicionais da Polícia Nacional; 300 da Esmad (polícia de choque); e 450 soldados do Exército, que terão a missão de "garantir a segurança dos cidadãos, das entidades públicas e do comércio local", segundo o ministro. A cidade impôs um toque de recolher às 13 horas.
"Seguem a presença e os dispositivos da nossa força pública, tanto Polícia quanto Exército e Força Aérea principalmente; 45.500 homens acompanhando o desenvolvimento das mobilizações que estão sendo feitas pacificamente", disse Molano.
Também em Cali, indígenas derrubaram a estátua de Sebastián de Belalcázar, um conquistador espanhol do século 16. Um porta-voz dos manifestantes disse à imprensa que o monumento foi derrubado em repúdio à violência sofrida historicamente pelos povos indígenas.
Em Medellín, segunda maior cidade colombiana, as manifestações duraram quase oito horas e terminaram quando a polícia de choque disparou gás de lacrimogêneo para dispersar a multidão. Momentos antes, um grupo tentou derrubar postes com câmeras usadas para detectar infrações de trânsito na cidade, segundo a imprensa local.
Em 2019, colombianos foram às ruas em uma série de grandes protestos contra políticas econômicas e sociais do governo de Iván Duque, que deixa a presidência no ano que vem.
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