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Tensão

Colômbia recorre à ONU e OEA após Chávez falar em preparação para guerra

Militar venezuelano vistoria táxi em San Antonio, na fronteira com a Colômbia: conflito prejudica intercâmbio entre os dois países | Eitan Abramovich/AFP
Militar venezuelano vistoria táxi em San Antonio, na fronteira com a Colômbia: conflito prejudica intercâmbio entre os dois países (Foto: Eitan Abramovich/AFP)

Bogotá - A Colômbia anunciou que irá recorrer ao Conselho de Segurança da ONU e à Organização dos Esta­­dos Americanos (OEA) depois de o governo da vizinha Venezuela or­­denar que seu Exército se prepare para uma guerra a fim de garantir a paz.

Há meses o presidente venezuelano, Hugo Chávez, tem dito que um acordo de cooperação militar assinado em outubro entre Colômbia e EUA pode prenunciar uma invasão norte-americana em seu país, a partir do território colombiano. Bogotá e Washington rejeitam a ideia, dizendo que o objetivo da cooperação militar é apenas combater o narcotráfico e as guerrilhas da Colômbia.

Em seu programa dominical de tevê, Chávez disse que os militares deveriam se preparar para uma guerra, pois isso seria a me­­lhor forma de assegurar a paz na região.

O presidente da Colômbia, Alvaro Uribe, reagiu com uma nota rejeitando as declarações de Chávez. "Considerando as ameaças de guerra anunciadas pelo governo da Venezuela, o governo da Colômbia propõe ir à OEA e ao Conselho de Segurança da ONU", diz a nota.

A Colômbia também sugeriu um "diálogo franco" com a Ve­­ne­­zuela a respeito da sua prolongada desavença diplomática. A Colôm­­bia recentemente pediu à Orga­­nização Mundial do Comércio (OMC) que interceda depois de Chávez ter proibido a importação de alguns produtos colombianos.

A Colômbia é o segundo maior parceiro comercial da Venezuela, e vice-versa (os EUA são o primeiro para ambos). No ano passado, o comércio bilateral superou os 57 bilhões de dólares.

Bogotá diz que a proibição venezuelana agravou a recessão na Colômbia e afetou ainda mais as exportações do país, já prejudicadas pela crise global.

Ofensiva verbal

Chávez manteve ontem a ofensiva verbal contra a Colômbia e classificou de "imoral’’ o comunicado em que o governo colombiano se disse aberto ao "diálogo franco’’.

Para Caracas, o chamado é hi­­pócrita porque considera que o objetivo do recém-assinado acordo militar entre a Colômbia e os EUA é que Washington exerça "dominação estratégica’’ sobre a América do Sul.

Ontem cresceram as vozes na Venezuela que acusam Chávez de usar retórica bélica para criar cortina de fumaça para os problemas internos. O governo chavista atravessa um mau mo­­mento, com vá­­rias frentes de problemas: 1) crise no abastecimento de água (está em curso drás­­tico racionamento- e de energia); 2) crise econômica, com inflação acumulada anual por volta de 20%, e 3) crise de segurança em Caracas.

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