"Declaração não deve influenciar sobre Mercosul"
Brasília - O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), classificou ontem de "insensatez" as palavras do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, de que os líderes militares do país devem estar preparados para uma "guerra" no continente. Sarney disse acreditar, porém, que as palavras de Chávez não vão influenciar na votação do protocolo de adesão da Venezuela ao Mercosul, prevista para esta quarta-feira no plenário da Casa.
Diplomacia
Colombianos sugerem mediação do Brasil
Agência Estado
Bogotá e Rio de Janeiro - O principal passo na fronteira entre a Colômbia e a Venezuela permaneceu aberto ontem, enquanto setores colombianos pedem que sejam feitas gestões de países como o Brasil e a Espanha para ajudar a reduzir as tensões políticas entre os dois países. A senadora colombiana Cecília López, do Partido Liberal, da oposição, indicou que Bogotá deveria pedir a um terceiro país que abra o diálogo entre Colômbia e Venezuela, ao mesmo tempo que descartou qualquer possível conflito armado. "Uma guerra entre Colômbia e Venezuela é o mais absurdo. Somos países amigos", disse.
O ex-chanceler colombiano Guillermo Fernández de Soto (1998-2002) disse que essa gestão para mediar a crise poderia ser feita pelo presidente do Brasil,
Luiz Inácio Lula da Silva, que tem boas relações tanto com Chávez quanto com o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe.
Por sua vez, o vice-chanceler da Venezuela, Francisco Arias, disse em Caracas que não é seu país e nem Bogotá os que "promovem uma guerra" entre as duas nações vizinhas, e sim "os Estados Unidos".
No Rio de Janeiro, o chanceler Celso Amorim afirmou que o Brasil está disposto a facilitar o diálogo entre Colômbia e a Venezuela, desde que solicitado. "Nosso espírito é sempre facilitar o diálogo, mas isso não depende só de nós.
Bogotá - A Colômbia anunciou que irá recorrer ao Conselho de Segurança da ONU e à Organização dos Estados Americanos (OEA) depois de o governo da vizinha Venezuela ordenar que seu Exército se prepare para uma guerra a fim de garantir a paz.
Há meses o presidente venezuelano, Hugo Chávez, tem dito que um acordo de cooperação militar assinado em outubro entre Colômbia e EUA pode prenunciar uma invasão norte-americana em seu país, a partir do território colombiano. Bogotá e Washington rejeitam a ideia, dizendo que o objetivo da cooperação militar é apenas combater o narcotráfico e as guerrilhas da Colômbia.
Em seu programa dominical de tevê, Chávez disse que os militares deveriam se preparar para uma guerra, pois isso seria a melhor forma de assegurar a paz na região.
O presidente da Colômbia, Alvaro Uribe, reagiu com uma nota rejeitando as declarações de Chávez. "Considerando as ameaças de guerra anunciadas pelo governo da Venezuela, o governo da Colômbia propõe ir à OEA e ao Conselho de Segurança da ONU", diz a nota.
A Colômbia também sugeriu um "diálogo franco" com a Venezuela a respeito da sua prolongada desavença diplomática. A Colômbia recentemente pediu à Organização Mundial do Comércio (OMC) que interceda depois de Chávez ter proibido a importação de alguns produtos colombianos.
A Colômbia é o segundo maior parceiro comercial da Venezuela, e vice-versa (os EUA são o primeiro para ambos). No ano passado, o comércio bilateral superou os 57 bilhões de dólares.
Bogotá diz que a proibição venezuelana agravou a recessão na Colômbia e afetou ainda mais as exportações do país, já prejudicadas pela crise global.
Ofensiva verbal
Chávez manteve ontem a ofensiva verbal contra a Colômbia e classificou de "imoral o comunicado em que o governo colombiano se disse aberto ao "diálogo franco.
Para Caracas, o chamado é hipócrita porque considera que o objetivo do recém-assinado acordo militar entre a Colômbia e os EUA é que Washington exerça "dominação estratégica sobre a América do Sul.
Ontem cresceram as vozes na Venezuela que acusam Chávez de usar retórica bélica para criar cortina de fumaça para os problemas internos. O governo chavista atravessa um mau momento, com várias frentes de problemas: 1) crise no abastecimento de água (está em curso drástico racionamento- e de energia); 2) crise econômica, com inflação acumulada anual por volta de 20%, e 3) crise de segurança em Caracas.
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