Numa sentença apontada como um marco, a Corte Interamericana de Direitos Humanos ordenou que a Colômbia pague indenizações por um massacre de investigadores cometido em 1989 por milícias apoiadas pelo Exército.
O tribunal determinou que o governo pague mais de 5 milhões de dólares aos parentes dos 12 investigadores de direitos humanos mortos por paramilitares de direita na localidade de La Rochela (norte). Não cabe recurso à sentença, a primeira na história a incriminar um Estado por envolvimento na morte de seus próprios agentes.
"A sentença mostra que o Estado não só carecia da vontade de confrontar os paramilitares, mas que alguns oficiais se mancomunaram com eles contra os investigadores do próprio governo", disse Michael Camilleri, que trabalhou nesse processo para o Centro de Justiça e Direito Internacional, de Washington.
A sentença foi proferida em 11 de maio, mas só foi divulgada no fim de semana. O governo colombiano ainda não a comentou.
O massacre chocou a Colômbia, que na época se recuperava da primeira de muitas ondas de violência paramilitar.
Essas milícias foram criadas na década de 1980 por latifundiários interessados em se defender das guerrilhas de esquerda. Tantos os paramilitares quanto os rebeldes se financiam com sequestros, extorsões e narcotráfico.