Vídeo| Foto: RPC TV

São Paulo – A Colômbia começou ontem o processo de libertação de guerrilheiros das Farc ao transferir cerca de 180 guerrilheiros encarcerados a um centro de detenção temporária em Chiquinquirá (centro), segundo fontes oficiais.

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"Existe um grupo considerável de pessoas que reúne as condições para ser libertado. As pessoas em questão estão sendo transferidas hoje (ontem) de diferentes prisões", disse o ministro do Interior e da Justiça colombiano, Carlos Holguín.

Um porta-voz do Instituto Nacional Penitenciário e Carcerário (Inpec) afirmou que os detidos das prisões de La Picota, La Modelo e El Buen Pastor foram transferidos a Chiquinquirá em ônibus e caminhões, sob fortes medidas de segurança.

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A transferência abriu o processo unilateral com o qual o governo do presidente Álvaro Uribe busca a libertação de 56 reféns do grupo guerrilheiro de esquerda, entre eles a ex-candidata presidencial franco-colombinana Ingrid Betancourt e três norte-americanos, no mesmo momento em que o país vive um escândalo envolvendo políticos aliados a Uribe e grupos paramilitares de extrema direita. A libertação de membros das Farc havia sido anunciada por Uribe na semana passada, alegando "razão de Estado’’, que pode ser revelada hoje, segundo fonte da Presidência.

O governo informou que entre 250 e 300 prisioneiros estão envolvidos no processo, mas que o número pode aumentar. Os guerrilheiros devem ficar em Chiquinquirá de forma transitória, por cerca de uma semana, onde receberão instruções sobre os compromissos necessários para obter o benefício jurídico, segundo comunicado oficial. As condições, segundo nota, seriam "se desmobilizar’’, "comprometer-se a trabalhar pela paz’’, "estar sob vigilância ou tutoria de um governo estrangeiro’’ e outras.

O governo afirmou que cerca de 1.000 prisioneiros se cadastraram para obter a soltura, mas menos da metade cumpre os requisitos para se beneficiar da medida. Muitos dos membros do grupo, no entanto, rejeitaram a proposta de Uribe, afirmando que a aceitarão somente por meio de negociações entre o governo e as Farc – que já rejeitou o acordo e pede a desmilitarização temporária de uma região do sudoeste do país para realizar a troca. Uribe se nega a aceitar a condição.

Membros das Farc e da oposição acusam o presidente de soltar os prisioneiros para "mascarar’’ o escândalo político que atinge seus aliados ou mesmo libertar os 12 deputados atualmente detidos por ligações com paramilitares.

"Chanceler"

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O guerrilheiro Rodrigo Granda, considerado o "chanceler" das Farc, e o preso mais importante do grupo no país, não está na lista de troca, segundo disse ontem o diretor do Inpec, o general reformado Eduardo Morales. O líder rebelde, cujo verdadeiro nome é Ricardo González, foi detido em dezembro de 2004, na Venezuela, e sua transferência para a Colômbia provocou uma crise nas relações diplomáticas entre Caracas e Bogotá. Granda, no entanto, poderia ser libertado pelo Governo e, segundo algumas fontes, se encarregaria de "intermediar" a libertação dos reféns com os chefes das Farc.

O advogado de Granda, Miguel Ángel González, disse a jornalistas que não sabe se houve alguma aproximação do Governo com seu cliente que, além disso, tem sua extradição pedida por autoridades do Paraguai, que o acusam de participar do seqüestro e assassinato de Cecilia Cubas, filha do ex-presidente Raúl Cubas, em setembro de 2004.