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Claudia Castillo ganhou uma nova parte da traquéia. Órgão foi criado a partir de suas próprias células-tronco | Hospital Clinic Barcelona / Reuters
Claudia Castillo ganhou uma nova parte da traquéia. Órgão foi criado a partir de suas próprias células-tronco| Foto: Hospital Clinic Barcelona / Reuters

Uma colombiana de 30 anos se tornou a primeira paciente na História a receber um transplante de um órgão criado em laboratório a partir de suas próprias células-tronco. Claudia Castillo ganhou uma nova parte da traquéia usando uma técnica apontada por especialistas como o marco de uma nova era da cirurgia, na qual uma parte do corpo danificada pode ser substituída por ela mesma, sem risco de rejeição ao transplante. Claudia não desenvolveu anticorpos e não tomou nenhum remédio imunossupressor para impedir reações do sistema imunológico ao procedimento, informou a equipe envolvida ao jornal médico britânico "Lancet". "Cirurgiões podem agora começar a ver e entender o verdadeiro potencial das células-tronco adultas e a engenharia de tecidos para aprimorar radicalmente a habilidade de tratar pacientes com problemas graves", disse Martin Birchall, da Universidade de Bristol, um dos envolvidos na cirurgia. "Nós acreditamos que esse sucesso provou que estamos próximos de uma nova era na cirurgia", acrescentou.

Mãe de duas crianças, Claudia Castillo, que vive em Barcelona, se submeteu à operação para trocar a traquéia depois que uma tuberculose provocou um colapso do pulmão (acontece quando o ar escapa dos pulmões ou extravasa através da parede torácica e entra no espaço entre as membranas que revestem o pulmão e a parede do tórax) e a impediu de respirar.

O órgão bio-artificial foi transplantado no seu tórax em junho no Hospital das Clínicas de Barcelona, na Espanha. Cinco meses depois, Claudia já sobe dois lances de escada, sai para dançar e toma conta dos próprios filhos, atividades que para ela eram impossíveis de fazer antes da cirurgia.

Médicos acreditam que técnica poderá ser usada para criar até coração A paciente não fez história apenas por ter sido a primeira a se submeter a um transplante com um órgão feito pelas próprias células, como também se tornou a primeira pessoa a receber um transplante sem ter a necessidade de tomar fortes medicamentos imunossupressores. Os médicos superaram o problema de rejeição utilizando as células-tronco da paciente para desenvolver o órgão substituto, tendo como base a traquéia de um doador.

Exames de sangue realizados após o transplante não mostraram sinal algum de rejeição meses depois da cirurgia. O professor Martin Birchall afirmou que "isso é só o começo".

A equipe envolvida na cirurgia quer repetir o procedimento para criar laringes em laboratório dentro de cinco anos. Os médicos acreditam que isso abrirá caminho para que, no futuro, seja possível usar esta técnica para desenvolver outros órgãos, como rins, bexiga e até o coração.

Uma outra opção na área de transplantes foi apresentada este ano por pesquisadores franceses: o primeiro coração totalmente artificial, fabricado com materiais orgânicos que evitam a coagulação do sangue e que regulam os fluídos de forma automática. Eles esperam realizar o primeiro transplante dentro de dois anos.

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