Cidade de Gaza (AE) Faltando menos de 24 horas para o início da operação de retirada dos colonos judeus da Faixa de Gaza, o comandante da Frente Sul do Exército de Israel, general Dan Harel, admitiu ontem em entrevista à rádio militar que o número de ativistas israelenses infiltrados no território pode chegar a 5 mil. Até então, os oficiais estimavam haver no máximo 3 mil não residentes nos assentamentos, a maioria em Gush Katif, Kfar Darom e Morag, onde se prevê maior resistência à retirada.
"Três ou quatro mil pessoas não vão impedir as Forças Armadas e a polícia de impor a lei do Parlamento e do gabinete de governo. Isso pode tornar as coisas mais dramáticas. Espero que eles não as tornem mais violentas", disse Harel à rádio do Exército.
Líderes de algumas colônias decidiram fechar ontem de manhã os portões dos assentamentos para impedir a entrada de soldados e policiais. Na avaliação das autoridades, a grande maioria dos colonos e dos ativistas infiltrados vai resistir pacificamente. A incógnita são os membros e simpatizantes de grupos extremistas como Kach e Kahane Chai (Kahane Vive) que teriam entrado nos assentamentos e poderiam recorrer à violência contra os soldados ou atos de provocação contra palestinos de áreas próximas. Não há uma estimativa de quantos seriam.
Ontem, o fazendeiro judeu Yaakov Mazal-Tari colocou fogo em sua casa, no depósito e em um microônibus em um assentamento israelense em Gaza. "Não quero deixar nada para os palestinos, nada que eu tenha e que eles possam aproveitar. Eles não merecem. Vou queimar tudo e o que não puder queimar, vou destruir", afirmou.
O plano de retirada prevê a demolição das casas, mas outras construções serão entregues intactas aos palestinos. Mazal-Tari também ameaçou incendiar as estufas, apesar do acordo anunciado na sexta-feira de que doadores internacionais comprarão esses ativos dos colonos para repassá-los aos palestinos, numa tentativa de recuperar a fraca economia local.