Três anos depois de serem obrigados a se retirar de assentamentos na Faixa de Gaza, um grupo de colonos judeus está retornando à região para combater o Hamas, na ofensiva militar que Israel lançou contra o grupo islâmico há 10 dias, e que já fez mais de 550 vítimas. A volta às origens, no entanto, não tem sido fácil para boa parte deles. Segundo reportagem publicada nesta segunda-feira (5) no site do jornal israelense Haaretz, o sentimento geral é de que perderam suas casas por nada.
Aharon Cruz, que viveu em Netzarim por dois anos, foi convocado pelo Exército de Israel na última quinta-feira (1º), um dia após seu casamento, para integrar a unidade de paraquedismo. Ele retornou às ruínas do assentamento, no centro de Gaza, no último domingo, junto com a sua unidade.
"É muito complicado. Não dá para não pensar 'a troco de que deixamos nossa terra?'", diz o pai do jovem, Rabbi Ze'ev Cruz. "Mas por outro lado, há um certo regozijo por ele estar voltando para casa", acrescentou.
Segundo o periódico, apenas uma minoria dos colonos tem conseguido ver a operação com bons olhos. Para esses, a ofensiva pode ser um primeiro passo para um retorno definitivo às suas antigas casas. Mas para a maioria, o sentimento é de ressentimento.
"Tudo que previmos na época, aconteceu. O que vemos hoje, reabre as feridas de anos atrás. Não tem como não pensar que não devíamos ter nos entregue. De repente, devíamos ter insistido mais para ficar. Mas agora já é história", diz Ami Shaked, ex-chefe de segurança do assentamento de Gush Katif, cujo filho, paraquedista, foi recentemente convocado.
"Estamos aqui lutando por algo que já nos pertenceu", disse Yossi Neuman, oficial da reserva que morou em Neve Dekalim e que foi convocado há uma semana, juntamente com o seu filho. "Nós perdemos nossas casas por nada, abrimos mão de nossas vidas sem ganhar nada, absolutamente nada, em troca. E no fim das contas, estamos retornando para lutar aqui", disse.
A revolta dos ex-colonos cresceu ainda mais com a notícia de que o filho de um dos principais nomes da resistência contra a retirada, Zvika Bar-Hai, ficou seriamente ferido no primeiro dia da operação terrestre.
Mas para alguns, o retorno é sinônimo de alegria e emoção.
"Ansiamos pelo dia em que poderemos retornar. Passamos por muitas coisas desde a expulsão até hoje. E no fim, estamos retornando a Netzarim. É claro que não retornaremos ao assentamento amanhã. é um processo que vai amadurecer aos poucos", disse Itzik Vazana.
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