Subiu para 250 o número de mortos nos atentados a bomba ocorridos no norte do Iraque buscar na noite da última terça-feira (14). Com a recontagem das vítimas, esse já é considerado o maior ataque desde a invasão liderada pelos Estados Unidos, em 2003, que depôs o ditador Saddam Hussein e mergulhou o país em uma sangrenta guerra civil.
As quatro explosões ocorreram em duas pequenas cidades do norte do Iraque, próximas à fronteira com a Síria. Segundo o jornal "The New York Times", há pelo menos 300 pessoas feridas, e o número de mortos pode subir ainda mais à medida que equipes de resgate vasculham os destroços deixados pelas explosões.
As autoridades iraquianas ainda não conseguem estimar o dano total das quatro explosões que atingiram a região, já que dezenas de casas desabaram após os ataques.
Segundo a agência de notícias "Associated Press", o pior ataque no Iraque desde a invasão havia ocorrido em 23 de novembro, quando 215 pessoas morreram em um ataque com cinco carros-bomba em uma mesquita xiita em Sadr City, em Bagdá.
"Metade das casas está completamente destruída por serem construídas com barro", disse o capitão Mohammed Ahmad, do Exército iraquiano, ao "The New York Times".
Horas após os atentados, muitas das vítimas ainda estão enterradas, e helicóteros norte-americanos estão socorrendo os sobreviventes, que são levados para pelo menos seis hospitais a mais de 250 km de distância.
"A cidade parece que foi atingida por uma bomba nuclear", disse um oficial iraquiano, descrevendo a situação após os ataques.
Yazidis, as vítimas
Os ataques tiveram como alvo a pequena comunidade religiosa curda dos yazidis. A seita surgiu 2 mil anos antes de Cristo e é considerada pelos muçulmanos como infiel. Seus adeptos são acusados de adoração ao diabo.
Os yazidis são membros de um grupo curdo pré-islâmico e vivem no norte do Iraque e na Síria. No Iraque, eles enfrentam discriminação porque o principal anjo que veneram como manifestação de Deus é freqüentemente identificado na terminologia bíblica como Satã, o anjo caído. Os yazidis dizem ter sofrido massacres durante o regime laico do muçulmano sunita Saddam Hussein.
Ainda não se sabe a razão pela qual os yazidis foram o alvo do atentado e nem quem são seus autores. Mas o Estado Islâmico do Iraque, organização que acolhe o grupo al-Qaeda no Iraque, distribuiu panfletos recentemente ameaçando a comunidade por não professar o Islã.
Al-Qaeda
Os militares dos EUA dizem ser prematuro apontar culpados, mas afirmam que a escala e a natureza aparentemente coordenada dos ataques carregam as impressões digitais da al-Qaeda iraquiana, que é um grupo sunita.
"Vemos a al-Qaeda como principal suspeita", disse o tenente-coronel Christopher Garver, porta-voz militar dos EUA.