Cabul - Após o registro da morte do 529.º soldado em apenas nove meses, 2010 já se tornou o ano mais letal para as tropas internacionais no Afeganistão desde o início da guerra, há nove anos. Cerca de 60% dos mortos são americanos.
O balanço computado pela ONG iCasualties.org e divulgado por agências de notícias em todo o mundo mostra a dimensão das dificuldades enfrentadas pelos EUA, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e a coalizão de 46 nações que compõem a Força Internacional de Assistência para a Segurança (Isaf) na guerra que travam contra a insurgência afegã.
O ano de 2009, com 521 soldados mortos, havia sido de longe o mais sangrento para as forças estrangeiras, que enfrentam há três anos uma considerável intensificação da insurgência afegã.
Baixas
A grande maioria das vítimas entre os soldados internacionais é de americanos, com 2.097 mortos em nove anos. As tropas dos Estados Unidos representam atualmente mais de dois terços dos 150 mil soldados ocidentais que lutam no Afeganistão.
De 60 mortos em 2004, a contagem subiu a 131 mortos em 2005, 191 em 2006, 232 em 2007, 295 em 2008, antes do grande salto a 521 em 2009.
Ontem mesmo, nove soldados ocidentais morreram na queda de um helicóptero no sul do país, anunciou a Otan, sem mencionar disparos contra o aparelho, apesar de o Taleban ter reivindicado o ataque.
Um dos motivos para o alto número de mortes é o aumento da violência dos insurgentes talebans nos últimos anos, em meio à crescente rejeição à presença das tropas internacionais no país.
Ao mesmo tempo em que os militantes se espalham de seu refúgio no sul do país para áreas outrora calmas no norte e no oeste, a coalizão ocidental aumenta o número de tropas na guerra, especialmente nas províncias de Helmand e Candahar, enquanto militares de elite dos EUA anunciam que os confrontos estão longe de acabar.
Os 150 mil militares internacionais que compõem a Isaf os Estados Unidos acrescentaram um reforço de 30 mil soldados no fim de 2009. O Exército afegão, que apoia os ocidentais, conta com 300 mil soldados.
Outros fatores que agravam a situação de segurança do país, a corrupção e falta de um governo atuante fizeram com que as últimas eleições de sábado fossem marcadas por denúncias de fraudes.
Críticas
Há pelo menos um ano, a opinião pública nos 46 países que compõem a Isaf, com os Estados Unidos à frente, se tornou majoritariamente contrária ao envio de mais reforços ao país.
A Holanda terminou sua missão de combate no país em agosto, e diversos países europeus diminuem gradativamente seu contingente no Afeganistão.
A situação fez com que alguns países retirassem ou anunciassem a retirada de seus soldados e levou o presidente americano, Barack Obama, a anunciar no início do ano que os primeiros militares do país começarão a deixar o território afegão em meados de 2011.
Mas analistas são unânimes ao considerar que as forças afegãs precisarão de muitos anos para ter um número e formação suficiente para assumir o controle da segurança do país.
Elemento crucial nas operações de guerra, o vizinho Paquistão tem sido acusado de abrigar membros do Taleban, apesar de oficialmente ser um aliado dos países ocidentais.
Deixe sua opinião