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Colômbia

Com a benção das Farc, Colômbia muda estratégia de erradicação de cultivos ilícitos

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, fala durante a cerimônia de transferência de comando do novo Diretor Geral da Polícia Nacional da Colômbia, Major General Henry Armando Sanabria Cely, em 19 de agosto de 2022. (Foto: EFE/ Carlos Ortega)

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A Colômbia dará prioridade à erradicação manual e à substituição voluntária dos cultivos de coca em ações com as comunidades para combater as drogas, conforme anunciou na terça-feira (23) o novo diretor da polícia colombiana, major-general Henry Sanabria Cely.

"O que estamos aplicando é a erradicação voluntária em certos lugares onde tivemos uma reunião de campo de certos membros da instituição e outras entidades estatais para motivar a erradicação voluntária e a substituição", disse Sanabria em entrevista ao jornal El Tiempo.

A decisão está alinhada à promessa do presidente colombiano, Gustavo Petro, que assegurou que a sua gestão buscará encerrar a erradicação forçada, na qual os camponeses são os mais afetados porque supostamente não estão incluídos em um plano de substituição de cultivos.

O militar enfatizou que a decisão tomada visa garantir o menor dano possível às pessoas que "devem o mínimo no tráfico de droga".

"A cadeia inicial de sementeira, cultivo e colheita realmente não é a que temos afetado ao longo dos anos, mas estamos sempre à procura das grandes máfias que estão encarregadas de motivar as pessoas a cometerem este crime", comentou o oficial.

Para o partido político Comunes, anteriormente conhecido como Farc, a decisão do governo é um resultado do acordo de paz assinado em 2016 pelo governo colombiano e pela guerrilha desmobilizada.

"Esta é uma conquista do acordo de paz, e nessa mesma via deve ser retomado o plano de substituição e tratamento com foco na saúde pública para as pessoas viciadas em drogas ilícitas", disse o partido em redes sociais.

Não ao glifosato

Por outro lado, Sanabria afirmou na entrevista que a única diretriz existente até agora na Direção Antinarcóticos é que foi enviado um pedido à Agência Nacional de Licenças Ambientais (ANLA) para não dar continuidade à "licença ambiental que tinha sido solicitada para a utilização do mesmo (glifosato), aguardando as conclusões do conselho de ministros".

A utilização do herbicida glifosato para pulverizar cultivos de coca era uma política pública que havia sido promovida pelo governo anterior, presidido por Iván Duque.

O novo diretor da polícia acrescentou que, para substituir a erradicação forçada, serão desenvolvidas propostas em conformidade com as leis "para garantir vários bens jurídicos que orbitam em torno do tráfico de drogas".

"Entretanto, a perseguição de organizações ilegais dedicadas a este negócio criminoso vai continuar, a fim de capturar as pessoas que identificamos como envolvidas no tráfico de drogas", analisou.

O major-general também disse não saber se o governo de Petro tinha informado os Estados Unidos sobre a decisão de deixar de erradicar os cultivos de coca com a presença das forças de segurança, em referência ao fato de ser o seu principal aliado na luta contra o tráfico de drogas, um crime transnacional.

Números

O governo anterior declarou no início deste ano que o objetivo para 2022 era erradicar manualmente 100 mil hectares de coca, método que há um ano levou à erradicação de 103.100 hectares de cultivo ilegal.

O Gabinete de Política Nacional para o Controle de Drogas da Casa Branca (ONDCP) afirmou em julho que a Colômbia produziu 972 toneladas de cocaína no ano passado, 2,2% a menos do que 994 toneladas calculadas em 2020, e registrou 234 mil hectares sob cultivo, 4,5% abaixo dos 245.000 hectares do ano anterior.

As regiões com mais cultivos ilegais são Catatumbo, na fronteira com a Venezuela; os departamentos de Cauca e Nariño, a fronteira de Putumayo com o Equador, e Antioquia, especialmente em cidades como Anorí, Tarazá e Valdivia.

A localização de cultivos ilícitos coincide com os territórios onde a maioria dos líderes sociais e indígenas foram assassinados e com a presença de grupos armados ilegais, como dissidentes das Farc, do Exército de Libertação Nacional (ELN) e do Clã do Golfo.

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