A economia da China vive seu pior momento em décadas, excluindo o cenário excepcional do primeiro ano da pandemia de Covid-19, em 2020: os efeitos dos rígidos lockdowns da política de Covid zero e das crises nos setores imobiliário e bancário fizeram o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduzir em um quarto sua estimativa para o crescimento do PIB do país em 2022 – a perspectiva agora é de que o incremento seja de apenas 3,3%, abaixo da meta de 5,5% do governo.
Para piorar essa situação, as altas temperaturas, secas e incêndios florestais, que também vêm afetando Estados Unidos e Europa, estão agravando esse cenário.
A China declarou pela primeira vez este ano situação de emergência em razão de estiagens. Em dezenas de cidades, as temperaturas ultrapassam os 40ºC e vários pontos do rio Yangtze, o maior da Ásia e que atravessa as regiões central e sul do território chinês, estão secos.
A situação é tão extrema que os governos de algumas províncias, como o de Hubei, na região central da China, estão disparando hastes de iodeto de prata na direção de nuvens para induzir precipitação – elas ajudam a formar cristais de gelo para que a nuvem produza mais chuva.
Com os reservatórios das hidrelétricas em níveis baixos, medidas de racionamento de energia estão sendo tomadas: em Sichuan, no sudoeste chinês, a falta de chuvas levou as autoridades locais a decretar o fechamento de todas as fábricas temporariamente na semana passada.
A proprietária de uma granja na mesma província postou um vídeo numa rede social que mostra várias aves mortas. Ela alegou que os animais ficaram sem ventilação porque a energia foi cortada devido às altas temperaturas.
Com mais de 70 dias, a onda de calor na China já é a mais longa desde que registros completos começaram a ser feitos, em 1961, segundo o Centro Nacional do Clima, que previu em comunicado que ela pode aumentar de intensidade nas próximas semanas.
Esta semana, moradores de Chongqing (sudoeste da China) estão passando por testes de Covid-19 devido a um surto da doença e imagens nas redes sociais chinesas mostraram dezenas de pessoas em filas debaixo de sol forte, com algumas delas desmaiando devido ao calor intenso.
O governo chinês estimou que a onda de calor causou perdas econômicas diretas de US$ 400 milhões na economia chinesa apenas em julho.
Dan Wang, economista-chefe do Hang Seng Bank China, disse à emissora americana CNBC que as indústrias siderúrgicas, químicas e de fertilizantes do país passam por uma grande desaceleração na produção. “Isso [onda de calor] afetará as grandes indústrias que utilizam muita energia e terá um efeito indireto em toda a economia e até na cadeia de suprimentos global”, alertou.
Curiosamente, enquanto algumas regiões da China sofrem com a seca extrema, outras são atingidas por fortes chuvas, como a cidade de Xining, no noroeste chinês, onde inundações deixaram dezenas de mortos e desaparecidos na semana passada.
“Seguindo essa tendência, futuras ondas de calor extremo afetarão áreas ainda maiores e impactarão mais pessoas”, disse Xiaoming Shi, professor assistente da divisão de meio ambiente e sustentabilidade da Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong, ao New York Times.
“Todos, de cidadãos a gestores públicos e empresas, devem se preparar para esse novo padrão de eventos climáticos extremos e se precaver contra os perigos que eles representarão”, destacou o especialista.
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