Neste domingo (15), o Equador vai às urnas para escolher, entre a correísta Luisa González e o empresário Daniel Noboa, quem completará o período presidencial até 2025, já que o atual presidente conservador Guillermo Lasso, eleito em 2021, antecipou eleições.
Lasso, que respondia a um processo de impeachment no Legislativo, adotou a medida como uma resposta à crise política no país. Antes dele, seis presidentes do Equador não terminaram seus mandatos desde a volta da democracia, em 1979, por motivos como morte, destituição e convocação de eleições antecipadas.
Quem sair vencedor neste domingo terá pela frente outra grave crise, além da política: o caos na segurança pública, com a ação de grupos criminosos que atuam fora e dentro dos presídios. Em 2017, a taxa de homicídios no Equador foi de 5,81 ocorrências a cada 100 mil habitantes; no ano passado, o índice chegou a 25 a cada 100 mil equatorianos.
Essa violência se refletiu na campanha deste ano para a presidência e para a Assembleia Nacional, com ataques, ameaças e assassinatos de candidatos e líderes partidários. O evento mais extremo foi a morte do candidato à presidência de centro-direita Fernando Villavicencio, assassinado em Quito em 9 de agosto.
Perfis e promessas dos candidatos para a segurança pública
González, de 45 anos, é advogada, foi deputada nacional e exerceu diversos cargos durante a gestão do ex-presidente de esquerda Rafael Correa (2007-2017), como assessora da Secretaria das Comunicações e Informação da presidência e secretária de Administração Pública.
Ela tem como principal “cabo eleitoral” justamente Correa, que foi condenado a oito anos de prisão por corrupção (não está preso porque recebeu asilo na Bélgica).
Entre as propostas de González para a segurança, estão reativar o Ministério Coordenador da Segurança e o Ministério da Justiça, Direitos Humanos e Cultos e aumentar o intercâmbio de informações entre as instituições da área de segurança para combater o crime transnacional e organizado.
Noboa, de 35 anos, também foi deputado nacional e é a grande surpresa desta eleição. Todas as pesquisas antes do primeiro turno o colocavam nas últimas posições e em nenhuma ele chegou a sequer 10% das intenções de voto. Na votação de agosto, obteve 23,47%, ficando atrás apenas de González.
Ele é filho de Álvaro Noboa, que foi candidato à presidência do Equador cinco vezes e é um dos homens mais ricos do país. O jovem Noboa aparece na maioria das pesquisas para o segundo turno à frente de González.
Na área de segurança, o empresário prometeu utilizar barcos-prisões para isolar os criminosos mais perigosos e criar um novo órgão de inteligência, com apoio de Israel, Estados Unidos e Espanha.
Acusações no final da campanha
Na reta final de campanha, alguns fatos elevaram a temperatura da disputa. Na semana passada, seis colombianos que haviam sido presos por suspeita de participação na morte de Villavicencio foram assassinados numa prisão de Guayaquil. Um sétimo suspeito, de nacionalidade equatoriana, também foi morto numa prisão em Quito.
No domingo (8), o jornalista Christian Zurita, amigo de Villavicencio e o que substituiu no primeiro turno (foi o terceiro mais votado), escreveu no X que uma testemunha apontou que o “governo de Correa” foi o responsável pelo crime.
Também no X, Correa alegou “fraude processual” e disse que o objetivo da denúncia é impedir a vitória de González. O Ministério Público do Equador não confirmou a informação de Zurita de que o ex-presidente foi acusado de ser o mandante do assassinato de Villavicencio.
Na quinta-feira (12), a Folha de S.Paulo afirmou que Daniel Noboa controla ao menos duas empresas offshore no Panamá e também é beneficiário direto de uma série de fundações que estão em nome do pai, o que contraria a legislação equatoriana, que proíbe que candidatos tenham bens ou capitais em paraísos fiscais. A equipe de campanha do empresário não comentou o assunto.
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