A popularidade do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, deu um salto com a proximidade da crucial eleição legislativa de domingo (6), mas provavelmente a recuperação não será suficiente para impedir uma vitória da oposição, de acordo com nova sondagem de uma das principais instituições de pesquisa do país.
Em razão do descontentamento da população com uma crise econômica brutal, causada por controles disfuncionais e o desabamento dos preços do petróleo, a oposição tem a sua melhor perspectiva em 16 anos de conquistar a maioria na Assembleia Nacional, agora sob controle dos governistas.
Mas as esperanças dos candidatos do governo ganharam impulso com a revelação de que a popularidade de Maduro saltou mais de 11 pontos, passando a 32,3% no final de novembro, de acordo com a pesquisa realizada pela Datanalisis e vista pela Reuters na terça-feira (1º).
O dirigente do instituto, Luis-Vicente León, disse esta semana que o movimento “chavista”, assim chamado numa referência ao antecessor de Maduro, Hugo Chávez, colheu frutos por ter passado ao ataque contra inimigos, distribuído recursos em distritos-chave e revivido a memória do popular ex-presidente durante a campanha.
No entanto, a coalizão Unidade Democrática, que agrupa todos os principais partidos da oposição, permanece na dianteira: são 55,6% de intenções de voto para a oposição e 36,8% para o governo, segundo a pesquisa.
“A incerteza principal não é se o chavismo ou a oposição vai ganhar, mas que tipo de maioria a oposição vai obter”, acrescentou León em um artigo de opinião nesta semana, dizendo que a recuperação da popularidade de Maduro não iria afetar a eleição.
A oposição está se beneficiando da revolta dos venezuelanos com a maior inflação do mundo, a escassez generalizada de produtos e longas filas para comprar itens básicos.
A campanha do governo tem focado fortemente em acusações de que a oposição vai desmantelar as políticas de bem-estar social da era Chávez, enquanto a oposição tem criticado o governo por incompetência econômica e corrupção.
A pesquisa foi realizada entre 13 e 23 de novembro, logo após Maduro anunciar um aumento do salário mínimo de 15%. Ainda assim, 81,3% disseram que o reajuste não era suficiente para cobrir os aumentos de preços.
Pesquisas na Venezuela são notoriamente divergentes e controversas, mas o Datanalisis se tornou o instituto mais acompanhado por ambos os lados.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura