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Na Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), o mais influente evento de direita do mundo, que teve quatro dias de duração, o ex-presidente americano Donald Trump encerrou esta noite (4) a programação de oradores com um típico discurso de campanha eleitoral.
Durante sua longa fala, Trump saudou o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL), que estava sentado na primeira fila da plateia, chamando-o de “amigo” e “líder muito popular da América do Sul”, mencionando também o filho dele ali presente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Quando o colega brasileiro se levantou e recebeu aplausos e gritos de apoio, Trump comentou que a palavra "mito" soava “politicamente interessante”. Bolsonaro havia palestrado horas mais cedo na CPAC.
Com comentários irônicos e duras críticas ao sucessor Joe Biden, Trump explorou fracassos e contradições acumulados pela Casa Branca em questões militares e econômicas. Ao comparar a sua gestão com a atual administração, ele procurou se manter competitivo na luta pela indicação do Partido Republicano para concorrer à presidência em 2024.
Trump enfatizou a importância da segurança das fronteiras dos Estados Unidos, mencionando a construção de um muro na fronteira com o México e criticando o gasto de trilhões de dólares para defender as fronteiras de outras nações. No mantra de “América em Primeiro Lugar”, condenou ações “anti-americanas” de exposição desnecessária de soldados no mundo todo e o reiterado vacilo com negociações comerciais, particularmente com a China.
Acrescentando a tônica de “voltar a ter orgulho do país”, que se soma ao slogan de “Fazer a América grande de novo”, o ex-presidente aproveitou para adiantar pontos da sua plataforma eleitoral, como empoderar os pais nas decisões escolares, garantir a escolha do cidadão por carros movidos a combustíveis fósseis, defender a liberdade de expressão nas redes sociais e até incentivar a natalidade (“sim, quero um baby boom”).
Na área econômica, prometeu acabar com a “demolição de empresas da gestão Biden” a golpes de inflação, fenômeno a que ele atribuiu ao excesso de regulações, incluindo a reconfiguração ambiental de negócios instalados no exterior. Trump criticou o financiamento americano aos organismos multilaterais no geral e à Organização Mundial da Saúde (OMS) em particular, por ser esta “dominada pela China”.
Ainda na área externa, afirmou que poderia impedir conflitos como o do Leste Europeu “com um simples telefonema”, rebatendo as acusações de que teria sido fraco com China e especialmente Rússia no passado.
Em meio a investigações da inteligência americana sobre a armazenagem e uso irregular de documentos secretos da Casa Branca, ironizou o alcance da empreitada do FBI ter chegado também a Biden. “O FBI fará a revolução? Estou curioso”, brincou. Também fez insinuações sobre supostos crimes cometidos pelo filho do atual presidente relacionados à Ucrânia.
Na seara jurídica, voltou a condenar “a sanha dos promotores” contra ele e elogiou militares que avalizaram as políticas de defesa do seu governo. Trump repetiu como um orgulho pessoal e exemplo a ser seguido pelos rivais democratas o fato de ter sido o primeiro presidente dos Estados Unidos em décadas a não envolver a superpotência em nenhuma guerra nova.
Evento conservador serve de vitrine a outros presidenciáveis
Considerado o maior evento conservador do mundo, a CPAC serviu de palanque prévio para outros pré-candidatos do Partido Republicano na corrida presidencial de 2024, que poderão desafiar Trump nas eleições primárias.
Entre esses, o destaque ficou com Nikki Halley, ex-governadora da Carolina do Sul e ex-embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, que já se colocou na corrida e falou na sexta-feira (3) no evento. Outro candidato à indicação de 2024 presente foi o empresário Vivek Ramaswamy, além dos senadores Ted Cruz, do Texas, e Rick Scott, da Flórida, que buscam a reeleição.
O ex-secretário de Estado Mike Pompeo, o ex-estrategista-chefe da Casa Branca, Steve Bannon, além de Donald Trump Jr. e Lara Trump, respectivamente filho e nora do ex-presidente, também discursaram na sexta-feira (3). O governador da Flórida, Ron DeSantis, potencial candidato presidencial republicano e alvo preferencial das críticas mais recentes de Trump, e o ex-vice-presidente Mike Pence não compareceram.
O Partido Republicano, também chamado de o Grande Velho Partido (GOP, na sigla em inglês), segue dividido entre relançar Trump ou apostar em novo nome.