Bannon passou a perder também o apoio de financiadores e correr o risco de isolamento político| Foto: NICHOLAS KAMM/AFP

O polêmico Steve Bannon era uma espécie de guru da nova direita americana. Na Casa Branca, apesar de rixas internas, foi um dos aliados mais próximos do presidente Donald Trump e ajudou a forjar a política nacionalista de "América em primeiro lugar". Até que suas críticas ferozes ao presidente republicano vieram a público.  

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Em um novo livro sobre a Casa Branca, escrito pelo jornalista Michael Wolff e lançado nesta sexta (5), Bannon avalia que as chances de Trump não terminar o mandato são de duas em três. Disse que membros da campanha tomaram atitudes "antipatrióticas". E afirmou que Trump "perdeu" a mão.  

Foi assim que o ex-estrategista-chefe da Casa Branca virou o "Steve descuidado" ("Sloppy Steve"), como o apelidou Trump nas redes sociais. "Perdeu a cabeça", segundo o presidente. E passou a perder também o apoio de financiadores e correr o risco de isolamento político.  

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Nesta quinta (4), a família Mercer, uma das principais financiadoras de Trump e do site de notícias "Breibart", do qual Bannon é editor, soltou uma nota criticando o ex-assessor, dizendo que "não apoia suas recentes ações e comentários".  

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Seu cargo no Breitbart está sob ameaça, segundo reportagens da imprensa americana, já que seus diretores temem perder apoio financeiro. E a Casa Branca cortou seu nome da lista de acesso para eventos sociais, conforme afirmou a porta-voz Sarah Sanders.  

O rompimento de Trump com seu ex-assessor tende a aumentar o isolamento de Bannon - em especial no momento em que o presidente consegue uma trégua com o partido republicano, ao aprovar, no final do ano, a reforma tributária.  

Alguns aliados do presidente expressaram preocupação com o fato de que Bannon não desmentiu as declarações. "A primeira coisa que ele deveria ter feito era negar", afirmou Sean Spicer, ex-porta-voz da Casa Branca sob Trump.  

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"O que ele esqueceu é que a base é toda de Donald Trump. E não de Steve Bannon", declarou à Reuters o empresário Christopher Ruddy, diretor do site de inclinação conservadora "Newsmax" e um dos aliados próximos ao presidente.  

Reação  

Depois que suas declarações a Wolff vieram a público, Bannon procurou contemporizar. Disse que considera Trump "um grande homem" e que o suposto distanciamento entre ele e o presidente era exacerbado pela mídia "de esquerda".  

"Nunca haverá nada entre mim e o presidente. Não se preocupem", disse Bannon em um programa de rádio, na quinta (4). "Estamos unidos como sempre estivemos."  

Mas, no livro de Wolff, seu posicionamento está longe de ser brando. "Ele [Trump] não vai conseguir", disse Bannon a aliados, sobre um eventual segundo mandato do republicano.  

Ainda de acordo com o livro, Bannon considera que a investigação do FBI sobre a interferência russa na eleição de 2016 tem "33,3% de chances de levar ao impeachment" de Trump, e outros 33,3% de provocar a renúncia do republicano.  

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Mais: o ex-assessor afirma a amigos próximos que será candidato à Presidência em 2020, e usa com frequência a expressão "Quando eu for presidente...".  

Bannon foi um dos principais interlocutores de Wolff durante a pesquisa para a obra. Segundo a porta-voz do governo, 95% dos acessos franqueados ao jornalista na Casa Branca foram autorizados pelo ex-estrategista.  

Talvez por isso, Wolff retrata uma Casa Branca, nos primeiros meses da administração, sob grande influência do ex-assessor, que aproveitou o despreparo de Trump para avançar sua agenda antirregulatória, anti-islâmica e nacionalista.  

O atual distanciamento entre o presidente e seu ex-assessor fica cada vez mais evidente. Trump já notificou Bannon sobre "iminentes" ações judiciais, em função da quebra de acordos de confidencialidade com a Casa Branca.  

Na manhã desta sexta (5), quando o livro de Wolff foi finalmente lançado, Trump tuítou duas vezes em críticas a Bannon, a quem chamou de "vazador". "A família Mercer abandonou o vazador conhecido como Steve Descuidado Bannon. Esperta!", afirmou o presidente.

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