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Sínodo sobre a família

Com críticas a texto-base e pedido de intervenção do papa, padres encerram segunda etapa do Sínodo

Papa Francisco cumprimenta bispos em imagem da abertura do Sínodo dos Bispos sobre a família | STEFANO RELLANDINI/REUTERS
Papa Francisco cumprimenta bispos em imagem da abertura do Sínodo dos Bispos sobre a família (Foto: STEFANO RELLANDINI/REUTERS)

Os padres sinodais concluíram a segunda etapa do Sínodo dos Bispos sobre a família, nesta quarta-feira (14), com críticas ao texto de trabalho da assembleia. Eles pedem uma intervenção direta do papa Francisco nas questões apresentadas no encontro, reforçando a doutrina da Igreja sobre a indissolubilidade do matrimônio e incentivando que ela adote uma linguagem de verdade e misericórdia, sobretudo nos temas mais delicados.

Esses foram alguns dos temas apresentados pelos 13 círculos menores (grupos linguísticos), que leram em plenário, na manhã desta quarta, o resultado dos debates relativos à segunda parte do Instrumentum Laboris -- o texto-base do encontro.

O grupo de língua inglesa, moderado pelo cardeal australiano George Pell, discorda da possibilidade de que o texto final do Sínodo se torne o parecer definitivo da assembleia, uma vez que, tradicionalmente, isso acontece alguns meses depois do encontro, por meio da publicação de um documento do papa chamado “exortação apostólica pós-sinodal”.

“Nós reconhecemos as limitações de um texto que possa ser aprovado na conclusão deste Sínodo”, enfatizou.

Da mesma forma, um dos grupos de língua francesa pediu uma “intervenção magisterial, de modo que a doutrina sobre a família seja mais clara e concreta”.

Outros grupos chegaram a criticar a segunda parte do Intrumentum Laboris, que, de acordo com alguns padres sinodais, não define o que de fato é o matrimônio em nenhuma parte do texto, além de não apresentar diretamente alguns valores inerentes à família. “Isso é um grave defeito. Isso gera ambiguidade”, concluiu o círculo menor moderado pelo cardeal Thomas Christopher Collins, do Canadá.

“Há ausências significativas ou poucas referências nesta parte a temas como a castidade e a virgindade, a santidade e a espiritualidade em família”, disse o grupo espanhol moderado pelo cardeal Francisco Robles Ortega.

O mesmo grupo chega a criticar a falta de preparo de alguns sacerdotes em relação ao acompanhamento de casais e pede que evite o termo de que “se pode encontrar sementes do verbo em situações irregulares”, contrapondo-se ao que foi defendido pelo grupo do cardeal Rodrígues Maradiaga, de Honduras, que reforça que “não se pode ignorar que existem muitos valores positivos em outros tipos de família”.

“Muitos bispos consideram isso inapropriado e enganador”, ressalta o grupo de Collins.

Como na semana passada, durante a reflexão da primeira parte do Instrumentum Laboris, os círculos menores pedem que se reforce que a pregação da doutrina deve unir a verdade e a misericórdia, além de citarem, mais uma vez, a impossibilidade de que a Igreja mude a sua posição em relação à indissolubilidade do matrimônio.

“Nós devemos mostrar a indissolubilidade do matrimônio como um presente de Deus e precisamos achar um meio de falar isso positivamente, e não apresentá-la como um fardo”, disse o grupo do bispo irlandês Eamon Martin.

Sobre o Instrumentum Laboris

O documento de trabalho do Sínodo é um texto redigido pela secretaria-geral da assembleia, cujo responsável é o cardeal Lorenzo Baldisseri. Ele é composto por três partes e reúne, no caso deste encontro, as contribuições dadas pelas dioceses de todo o mundo, após o envio de um questionário, por parte do Vaticano, no qual foi solicitado que fossem elencados os principais desafios relacionados à familia contemporânea.

Além disso, agrega-se ao texto o relatório final do Sínodo extraordinário sobre a família de 2014. Durante toda a assembleia, que termina no dia 25 de outubro, os padres sinodais refletirão todo o documento.

A partir desta quarta-feira, os participantes do Sínodo se concentrarão na terceira parte do Instrumentum Laboris, considerada a maior e mais difícil de ser tratada, por trazer as situações e os desafios mais concretos, já que a primeira e a segunda parte abordam aspectos teológicos e antropológicos da família.

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