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INCÊNDIOS

Com fogo quase contido, qualidade do ar vira nova preocupação na Califórnia

Equipe de resgate vasculha os escombros de um comércio queimado pelo Camp Fire em busca de restos humanos, em Paradise, 21 de novembro | JUSTIN SULLIVAN / AFP
Equipe de resgate vasculha os escombros de um comércio queimado pelo Camp Fire em busca de restos humanos, em Paradise, 21 de novembro (Foto: JUSTIN SULLIVAN / AFP)

O incêndio que deixou dezenas de mortos no norte da Califórnia, nos Estados Unidos, também fez despencar a qualidade do ar no estado. No auge do fogo, na semana passada, respirar em cidades como Sacramento, San Francisco e Oakland equivalia a fumar quase um maço de cigarro por dia.

A situação fez diversas escolas e universidades fecharem as portas e médicos recomendarem o uso de máscaras e respiradores, especialmente para pessoas que tem problemas respiratórios ou de coração. 

Além de mudar a paisagem das cidades da região, a fumaça se espalhou além do norte da Califórnia e chegou a afetar a costa leste americana, a mais de 4.000 km de distância, de acordo com o jornal britânico The Guardian.  

Apesar disso, a qualidade do ar na Califórnia já começou a melhorar em consequência do trabalho dos bombeiros, que já contiveram 80% do incêndio, chamado de Camp. O último balanço oficial informou que ele deixou 81 pessoas mortas, mais de 700 desaparecidas e 13 mil casas destruídas. 

Segundo o serviço de Proteção Ambiental dos EUA, nesta quarta-feira (21) a qualidade do ar na região equivalia a fumar 5,4 cigarros por dia, segundo cálculos do site Vox. Na última quinta (15), esse valor era de 14 cigarros. 

Apesar disso, o ar continua nocivo para o ser humano em algumas regiões do estado, incluindo na capital, Sacramento, e em torno da cidade de Paradise, a mais atingida pelo fogo. 

A situação é melhor no sul do Estado, onde o Woolsey, que deixou três mortos, já está 98% contido. 

Pesquisas recentes mostram que crianças, idosos e pessoas com problemas de saúde são as mais vulneráveis a desenvolver problemas respiratórios em decorrência dos incêndios.

A exposição a curto prazo à fumaça pode agravar ainda problemas como asma, bronquite e pneumonia, além de causar um aumento na procura por atendimento médico mesmo entre pessoas saudáveis. 

Embora para a maioria a exposição à fumaça gere apenas um aborrecimento, causando ardor nos olhos, garganta arranhada ou desconforto no peito, as autoridades temem que o problema aumente nos próximos anos.

Um estudo publicado no início de 2018 apontou que o aumento dos incêndios florestais, a expansão urbana em áreas arborizadas e o envelhecimento da população levaram a um crescimento do número de pessoas que correm risco de desenvolver problemas respiratórios ou cardíacos.

"A temporada dos incêndios costumava ser de junho a setembro. Agora parece estar acontecendo o ano todo. Precisamos nos adaptar a isso", disse Wayne Cascio, cardiologista da Agência de Proteção Ambiental dos EUA e um dos autores do estudo. 

A fumaça da madeira contém alguns dos mesmos produtos químicos tóxicos que a poluição do ar urbano, junto com minúsculas partículas de vapor e fuligem 30 vezes mais finas do que um cabelo humano. Estes podem se infiltrar na corrente sanguínea, potencialmente causando inflamação e danos nos vasos sanguíneos, mesmo em pessoas saudáveis, mostrou a pesquisa. 

"Sabemos muito pouco sobre os efeitos de longo prazo da inalação de fumaça de incêndio porque é difícil estudar essa população anos após o fogo", disse o médico John Balmes, da universidade da Califórnia em San Franciso, especializado no assunto.

Chuvas

Nesta terça-feira, 20, fortes chuvas atingiram o norte da Califórnia, aumentando o risco de deslizamentos e dificultando a busca por mais vítimas do mais violento incêndio na história do Estado. O fogo destruiu a cidade de Paradise, uma comunidade de 27.000 habitantes localizada 280 quilômetros ao norte de São Francisco. 

Durante entrevista ao programa de Ellen DeGeneres, a empresária e socialite Kim Kardashian revelou que o marido, Kanye West, angariou fundos para ajudar instituições americanas que acolhem bombeiros que atuaram nos grandes incêndios florestais que atingiram a Califórnia. O programa foi ao ar nesta quarta-feira, dia 21. 

Kim apresentou no programa um cheque no valor de US$ 200 mil destinados a California Fire Foundation e outro de mesmo valor para o California Community Foundation’s Wildfire Relief Fund. 

"Somos sortudos. Somos abençoados. Sinto que somos muito abençoados por termos tido a ajuda dos bombeiros", disse Kim sobre quase ter perdido sua casa. Ela e o marido contrataram bombeiros para evitar incêndios em sua vizinhança.

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