Portugal está passando por grave uma crise em seu sistema de saúde pública, com salas de emergência fechadas em diversos hospitais e extensas filas de espera. Essa situação crítica é resultado da escassez de recursos e profissionais, conforme relatado pela Ordem dos Médicos de Portugal nesta terça-feira (3).
A crise hospitalar, já evidente nos últimos anos, agravou-se nas últimas semanas devido à recusa de centenas de profissionais de saúde em realizar horas extras além das 150 horas obrigatórias por ano. Tal decisão afeta diversas áreas, incluindo Ginecologia, Obstetrícia, Cardiologia, Pediatria, Medicina Interna, Cirurgia e Emergência Médica.
O presidente da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, ressaltou que a exaustão dos médicos é palpável, e as negociações com o Ministério da Saúde do governo socialista português não trouxeram soluções. Atualmente, mais de 1,5 mil profissionais de saúde do país informaram que não estão disponíveis para exceder o limite legal de horas extras.
"Neste momento, os serviços de emergência em Portugal estão comprometidos e muitos hospitais não são capazes de prestar atendimento", disse Cortes à Agência EFE.
A situação levou a Ordem dos Médicos a solicitar uma reunião urgente no último domingo (1º) com o ministro da Saúde de Portugal, Manuel Pizarro. Segundo Cortes, é necessário que neste momento o ministério implemente medidas práticas para solucionar a crise, como a revisão da carreira médica, a valorização do papel dos médicos no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e melhorias nas condições de trabalho e treinamento.
A crise no sistema de saúde pública de Portugal tem resultado em casos de pacientes transferidos para hospitais distantes, greves constantes dos trabalhadores da saúde e longas filas para atendimento médico. A renúncia da ministra da Saúde anterior, Marta Temido, em agosto do ano passado, já havia refletido a gravidade da situação, informaram notícias veiculadas pela mídia portuguesa.
Segundo informações divulgadas pela agência de notícias portuguesa Lusa, a porta-voz do movimento Médicos em Luta, Susana Costa, afirmou que o sistema público de saúde português está "desmoronando" neste momento e que os médicos do país não conseguem mais evitar essa "demolição".
A Ordem dos Médicos alertou que até a próxima semana pode haver doentes sem acesso a cuidados básicos de saúde. Cortes destacou a falta de sensibilidade do governo socialista português, liderado pelo primeiro-ministro António Costa, e a necessidade urgente da valorização dos médicos do país.
“Os médicos estão muito cansados. Eles estão exaustos. Houve negociações com o Ministério da Saúde e elas não deram certo. Os médicos, não em um movimento organizado, mas de forma espontânea, decidiram começar a colocar limite de horas [extras]", afirmou Cortes. (Com Agência EFE)
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