Ativistas em Glasgow ironizam os resultados da COP26, em novembro do ano passado, e as perspectivas para a conferência seguinte, que começa no Egito no domingo: “fracassada” e “inútil”| Foto: EFE/Guillermo Garrido
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A 26ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP26), realizada há um ano em Glasgow, na Escócia, foi marcada pelos discursos de Estados Unidos (já presididos por Joe Biden) e União Europeia por aumento dos esforços para reduzir as emissões de carbono.

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A partir do próximo domingo (6), a cidade de Sharm el-Sheikh, no Egito, receberá a COP27 num cenário que pode causar muito constrangimento pela distância entre teoria e prática. EUA e UE iniciaram este ano uma intensa corrida atrás de petróleo e carvão, motivada pela inflação que aflige todo o mundo e pelas consequências da invasão russa à Ucrânia.

Em agosto, Biden assinou um grande pacote de investimentos que inclui ações para conter as mudanças climáticas, mas o presidente americano tem adotado ao mesmo tempo medidas para aumentar a produção e disponibilidade de petróleo mundialmente.

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Seu objetivo é baixar o preço da commodity para conter a maior inflação nos Estados Unidos em décadas e reduzir as receitas da Rússia com a exportação de petróleo, com as quais Moscou financia sua agressão à Ucrânia.

As ações de Biden incluem negociação com parceiros que produzem a commodity, como a Arábia Saudita (o que não deu certo por ora), liberação de barris da reserva estratégica dos Estados Unidos e pressão sobre as empresas americanas do setor.

“Vocês [companhias petrolíferas] estão obtendo lucros recordes e nós estamos lhe dando mais tranquilidade para investir na produção agora”, declarou Biden recentemente. “Vocês deveriam usar esses lucros recordes para reduzir o preço nas bombas.” A UE, por sua vez, para reduzir a dependência do gás russo, tem reativado usinas a carvão, antes demonizadas pelo bloco.

A alta dos preços do petróleo já afligia a economia mundial antes da invasão russa à Ucrânia, em fevereiro, mas o problema se intensificou nos meses seguintes. Os valores baixaram nos últimos meses, porém, ainda estão acima dos praticados no final de 2021.

Para deixar a situação ainda mais difícil, no início de agosto a China se retirou de várias parcerias com os Estados Unidos em áreas cruciais, como a mudança climática, como retaliação à visita da presidente da Câmara dos Representantes americana, Nancy Pelosi, a Taiwan — ilha administrada independentemente, mas que Pequim considera parte do seu território.

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Um relatório das Nações Unidas divulgado no final de outubro apontou que seria necessária uma redução de 43% nas emissões de carbono até 2030 para limitar o aquecimento global a 1,5 grau Celsius acima das temperaturas pré-industriais. Com algumas das maiores economias do mundo recorrendo ainda mais a petróleo e carvão (ainda que de forma emergencial), não há perspectiva de que tal meta seja alcançada.

Sameh Shoukry, ministro das Relações Exteriores do Egito, sede da COP27, disse em entrevista ao jornal inglês The Guardian que o momento da conferência “é mais frágil” do que o da anterior, “devido ao impacto da atual situação global”.

“[As circunstâncias para a COP27 são] bastante desafiadoras. Elas excedem as circunstâncias que existiam em Paris [em referência ao acordo sobre o clima definido na capital francesa em 2015 e assinado no ano seguinte] ou em Glasgow em termos de desafio e impactos, econômicos ou geopolíticos. Mas temos que permanecer otimistas e focados, e tentar separar o processo de negociação de algumas das circunstâncias externas”, argumentou Shoukry.

Porém, especialistas estão longe de mostrar o mesmo otimismo. “O trabalho mais difícil ainda está por vir. A verdade é que não foi feito o suficiente nos últimos 12 meses — e alguns diriam que retrocedemos”, disse Hortense Bioy, diretora global de pesquisa em sustentabilidade da empresa americana de pesquisa independente de investimentos Morningstar, à Reuters.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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